Lares de idosos somam 4661 mortes desde o início da pandemia

No passado dia 15, a Direcção-Geral da Saúde contava 95 surtos activos em lares, com um total de 2897 casos positivos. Em Outubro, as mortes em lares representavam 41% do total de óbitos por covid-19, numa percentagem que baixou para os actuais 27,6%.

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Apesar de a vacinação nos lares estar próxima dos 95%, o regresso à normalidade não deverá ocorrer tão cedo Paulo Pimenta (arquivo)

Desde o início da pandemia até 15 de Março tinham morrido 4661 pessoas que residiam em lares de idosos. Com a vacinação de utentes e funcionários a aproximar-se dos 95%, segundo o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, a percentagem de mortes por covid-19 em lares de idosos face ao total de mortes tem vindo a diminuir desde Outubro: nessa altura, era de 41% e, no dia 15 de Março, tinha já baixado para os 27,6%.

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Desde o início da pandemia até 15 de Março tinham morrido 4661 pessoas que residiam em lares de idosos. Com a vacinação de utentes e funcionários a aproximar-se dos 95%, segundo o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, a percentagem de mortes por covid-19 em lares de idosos face ao total de mortes tem vindo a diminuir desde Outubro: nessa altura, era de 41% e, no dia 15 de Março, tinha já baixado para os 27,6%.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, tinha já dito que, na semana de 8 a 15 de Março, foi a que registou o número mais baixo de mortes em lares, com uma redução de 98% no número de mortes, por comparação com o início de Fevereiro. E a referida proporção de 27,6% das mortes em utentes de lares, por comparação com o total de óbitos, compara com os actuais 42,5% em Espanha e 40,7% em França, segundo adiantou ao PÚBLICO fonte do ministério.

Ainda quanto às mortes de residentes em lares, a região de Lisboa e Vale do Tejo surge como a mais afectada, tendo somado 1908 óbitos (dentro dos lares ou em hospitais), enquanto no Centro houve 1264 mortes. O Norte acumulou, por seu lado, 802 óbitos e o Alentejo 526, contra os 111 do Algarve.

Actualmente, e de acordo com os dados da Direcção-Geral da Saúde, o país registava um total de 95 surtos activos em estruturas residenciais para idosos, o que equivale a um total de 2897 casos positivos. Estes surtos traduzem, ainda assim, uma redução de 75% face aos 381 surtos que estavam activos a 16 de Fevereiro, ou seja, um mês antes. Do mesmo modo, e ainda segundo o MTSSS, os residentes em lares internados em hospitais por covid-19 diminuíram 73%, no último mês, e o número de utentes infectados também baixou em 67%.

E é por causa dos surtos que continuam activos que o processo de vacinação nos lares ainda não está completo, segundo Manuel Lemos, que adianta que os efeitos da vacinação são visíveis. “Há 15 dias, tivemos uma semana sem qualquer óbito em lares”, enfatizou, considerando que a segunda vaga da pandemia, que atingiu o seu máximo nos meses de Janeiro e Fevereiro, foi muito mais letal do que a primeira.

“Nos lares das misericórdias, tínhamos em 31 de Dezembro qualquer coisa como 480 óbitos. E depois, em Janeiro e Fevereiro, morreram cerca de 1100 pessoas. Isso tem muitas explicações, mas acho que uma delas é que, enquanto na primeira vaga o vírus estava muito concentrado nos lares, na segunda vaga as infecções estavam disseminadas pela comunidade e o tráfego dos colaboradores e as idas dos idosos aos hospitais, onde nunca deixaram de ir, foram responsáveis por muitos destes contágios”, admite.

Apesar dos indicadores positivos, o presidente da UMP, que juntamente com a Confederação Nacional das Instituições Particulares de Solidariedade Social detém 1673 das 2520 instituições residenciais para idosos existentes no país, recusa adiantar datas para a reabertura dos lares às visitas dos familiares. “Sabemos que há uma enorme vontade dos familiares voltarem a poder abraçar e beijar os seus idosos, mas ainda não sabemos muito bem como é que as vacinas funcionam: qual é o grau de imunidade e quanto tempo dura. Por isso, seguiremos com todo o cuidado as orientações da DGS e do ministério, que vão, logo que haja condições, de levantar um bocadinho a barreira, mas não acredito que voltemos a correr ao ‘normal’”.