Rússia tentou manipular norte-americanos antes das eleições de Novembro

As conclusões são divulgadas pelos serviços secretos norte-americanos que também detectaram operações iranianas para prejudicar Trump.

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O Kremlin tentou beneficiar a reeleição de Trump, concluem serviços secretos dos EUA KEVIN LAMARQUE/Reuters

O Governo russo tentou influenciar a percepção do eleitorado norte-americano a favor de Donald Trump durante a campanha eleitoral de 2020, conclui um relatório dos serviços secretos dos EUA apresentado na terça-feira. Os investigadores também encontraram indícios de uma campanha de desinformação por parte do Irão, mas excluíram a China.

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O Governo russo tentou influenciar a percepção do eleitorado norte-americano a favor de Donald Trump durante a campanha eleitoral de 2020, conclui um relatório dos serviços secretos dos EUA apresentado na terça-feira. Os investigadores também encontraram indícios de uma campanha de desinformação por parte do Irão, mas excluíram a China.

O Kremlin é acusado de ter difundido informações falsas sobre o candidato democrata, Joe Biden, para o tentar desacreditar nas vésperas das eleições de 3 de Novembro, e também de espalhar rumores com o objectivo de plantar dúvidas entre os norte-americanos acerca da segurança do sistema de voto.

“O Estado russo e agentes por procuração que servem os interesses do Kremlin trabalharam para afectar as percepções públicas nos EUA”, conclui o relatório.

Para além de operações que incidiram sobre a opinião pública, agentes russos também tentaram influenciar personalidades no círculo próximo de Trump para espalharem desinformação sobre o seu adversário. Não há ninguém identificado pelo relatório, mas o New York Times diz que as informações apontam para o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, que frequentemente divulgou suspeitas de corrupção que envolvem o empresário Hunter Biden, filho do então candidato democrata.

Moscovo rejeitou as acusações que disse não terem qualquer base factual. “As conclusões do relatório sobre a Rússia conduzir operações de influência na América são confirmadas apenas pela confiança dos serviços secretos na sua própria hipocrisia”, afirmou a embaixada russa em Washington através de um comunicado.

Os serviços secretos norte-americanos também apontaram para operações levadas a cabo pelo Irão no sentido de favorecer Biden – a Administração Trump voltou a impor sanções contra o regime depois de abandonar o acordo nuclear. Um dos exemplos foi o envio de cartas falsas com ameaças a eleitores democratas atribuídas ao grupo de extrema-direita Proud Boys.

Os investigadores concluíram “com elevada confiança” que a China, que é um alvo frequente de acusações de ciberespionagem nos EUA, decidiu não tentar influenciar o processo eleitoral. “A China procura a estabilidade nas relações com os Estados Unidos e não viu qualquer um dos desfechos eleitorais vantajoso o suficiente para que arriscasse uma retaliação caso fosse detectada”, diz o relatório.

Apesar das operações descobertas, os serviços secretos garantem que os resultados eleitorais não foram atingidos de forma alguma. “Não temos indicações de que qualquer actor estrangeiro tenha tentado interferir (…) ao alterar qualquer aspecto técnico do processo de voto, incluindo o registo de eleitores, a deposição do voto, a contagem, ou a divulgação dos resultados”, conclui o relatório.