Francisco Guerreiro não prevê “alterações substanciais” no PAN com a saída de André Silva

O eurodeputado eleito pelo PAN mas que já se desfiliou do partido critica a herança deixada por André Silva. Francisco Guerreiro não prevê voltar ao partido.

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Francisco Guerreiro, eurodeputado Vera Moutinho

O eurodeputado Francisco Guerreiro, eleito pelo PAN, não prevê “alterações substanciais” no partido com a saída de André Silva. Tal como aquando da sua desfiliação em 2019, Francisco Guerreiro continua a denunciar a colagem do PAN ao PS e critica a herança deixada por André Silva.

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O eurodeputado Francisco Guerreiro, eleito pelo PAN, não prevê “alterações substanciais” no partido com a saída de André Silva. Tal como aquando da sua desfiliação em 2019, Francisco Guerreiro continua a denunciar a colagem do PAN ao PS e critica a herança deixada por André Silva.

“Vai continuar a haver um aproximar à esquerda, aos partidos de esquerda e ao PS e um afastamento da linha ideológica que definiu o partido, que não era nem de esquerda nem de direita, era um partido progressista”, afirma Francisco Guerreiro ao PÚBLICO, rejeitando voltar ao partido: “Não [tenciono voltar], porque não vejo que vá haver alterações substanciais na forma como o partido é gerido e na forma com se ele orienta”.

O eurodeputado diz ter “sérias dúvidas” sobre se haverá alterações no partido para o “tornar mais transparente”, criticando ainda a “blindagem” dos estatutos que dificulta o aparecimento de novas candidaturas. Por isso, prevê que o futuro líder do PAN seja alguém da actual comissão política nacional e próximo de André Silva. E, segundo diz, será uma mulher. “Tenho a ideia que possivelmente será uma mulher. Poderá ser a Inês Sousa Real ou a Bebiana Cunha, mas não sei que lista será apresentada”.

Francisco Guerreiro critica ainda a herança de André Silva, referindo que o PAN tem vindo a perder votos e pessoas nos últimos anos. Por um lado, diz, o “apogeu do partido” ocorreu as eleições europeias de 2019 em que foi eleito com cerca de 5% dos votos. “Desde então, tem decrescido o número de seguidores nas redes sociais e de apoios e mesmo o apoio a Ana Gomes demonstra a proximidade do partido à esquerda e ao PS”, aponta, assinalando que o apoio a Ana Gomes nas presidenciais demonstrou um partido “incapaz de lançar as suas ideias” e estranhando que tal tenha sido feito sem consultar os militantes.

Por outro lado, muitas das pessoas que “construíram as vitórias” do partido já abandonaram a equipa de André Silva – como o caso de Cristina Rodrigues, Sara Martins e dele próprio, exemplifica. “Um grupo substancial de pessoas muito coeso saiu em completo desacordo com a liderança do André Silva e isso diz muito da sua liderança. Precisamos de analisar mais fundo para ver que o legado da liderança de André Silva não foi assim tão positivo, até pelo contrário”. Por isso tudo, o eurodeputado diz que o PAN se tornou um partido “tradicional”, que não consegue ser “uma alternativa diferente” dos outros partidos nacionais.

Francisco Guerreiro abandonou o PAN em Junho de 2020, cerca de um ano depois de ter sido eleito deputado ao parlamento europeu, em choque com a liderança de André Silva. No domingo foi divulgado pelo PÚBLICO que o porta-voz do PAN, André Silva, iria abandonar a liderança do partido, o lugar de deputado na Assembleia da República e regressar à condição de filiado base.

 Como justificação, André Silva, deputado desde 2015, disse querer “apanhar o comboio da paternidade”, “equilibrar a vida pessoal e familiar com a vida profissional”, defendendo que “as pessoas não devem eternizar-se nos cargos”.