FCT financia dois projectos da Universidade de Coimbra sobre Portugal e o Holocausto

O financiamento, no valor de 66 mil euros, é concedido no âmbito do apoio especial a projectos de investigação e desenvolvimento sobre o tema “Portugal e o Holocausto: investigação e memória”, inserido no “Nunca Esquecer”- Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto.

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Os dois projectos são da Universidade de Coimbra Adriano Miranda

Dois projectos da Universidade de Coimbra (UC) centrados na disponibilização de recursos educativos e na divulgação de conhecimento sobre o Holocausto foram financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), foi esta terça-feira anunciado.

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Dois projectos da Universidade de Coimbra (UC) centrados na disponibilização de recursos educativos e na divulgação de conhecimento sobre o Holocausto foram financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), foi esta terça-feira anunciado.

Os projectos “MemoMarranos” e “O Holocausto em português: um repositório dinâmico de recursos educativos”, com a duração de um ano, foram aprovados para receber financiamento da FCT, revela a UC, numa nota divulgada.

O financiamento, no valor de 66 mil euros, é concedido no âmbito do apoio especial a projectos de investigação e desenvolvimento sobre o tema “Portugal e o Holocausto: investigação e memória”, inserido no “Nunca Esquecer” - Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto.

Liderado por João Paulo Avelãs Nunes, investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20) e professor da Faculdade de Letras da UC, “MemoMarranos” integra-se num processo de consolidação de uma rede internacional de investigadores e instituições que produzem e divulgam conhecimento sobre judeus, “marranos”, anti-semitismo e Holocausto.

Genericamente, este projecto, que obteve 34 mil euros de financiamento, pretende “identificar a documentação relevante para a produção e a divulgação de mais conhecimento científico sobre a evolução, desde o início do século XX até aos nossos dias — com destaque para os anos 1930 e para o período do Holocausto —, dos portugueses classificáveis como “marranos"”, refere, citado pela UC, João Paulo Avelãs Nunes.

Os “marranos”, acrescenta, “seriam cidadãos portugueses, também descendentes dos “judeus” (até 1496) e dos “cristãos novos” (séculos XVI a XVIII) lusos, que teriam perdido o contacto com o essencial da cultura sefardita e com os outros segmentos da Diáspora Judaica”.

Pelo menos até ao imediato pós-Segunda Guerra Mundial, os “marranos” viveriam “sobretudo no interior centro e norte de Portugal continental”.

“MemoMarranos” resulta, assim, da “importância de viabilizar, tanto um melhor conhecimento acerca deste segmento da realidade portuguesa, como a comparação da respectiva evolução com outros segmentos da Diáspora Judaica e com outros universos de pós-vítimas de violência de massas”, nota João Paulo Avelãs Nunes.

Procura-se “identificar e caracterizar a documentação - oral (de memória e de pós-memória), escrita (manuscrita e impressa), gráfica, audiovisual e material - relevante”, conclui.

Já o projecto “O Holocausto em português: um repositório dinâmico de recursos educativos”, que obteve um financiamento de 32 mil euros, é conduzido por António Sousa Ribeiro, investigador do Centro de Estudo Sociais (CES) e catedrático aposentado da Faculdade de Letras da UC.

Este projecto propõe criar um repositório em formato online e em acesso aberto, que possa “funcionar como um arquivo dinâmico directamente apto a ser apropriado como recurso educativo em português, preenchendo, deste modo, uma lacuna importante no que diz respeito aos recursos educativos disponíveis no campo do ensino do Holocausto em português, tendo em conta as recomendações e práticas internacionais e, em particular, as “Recomendações para o Ensino e a Aprendizagem do Holocausto” recentemente emitidas pelo Ministério da Educação de Portugal”, realça António Sousa Ribeiro.

Esse repositório vai ser estruturado como um guia, “proporcionando acesso a ampla documentação e oferecendo orientação sistemática para a produção de conteúdos e de estratégias didácticas adequadas a cada contexto particular por parte de professores e agentes educativos”, sublinha o investigador.