Maior tempestade de areia dos últimos dez anos envolveu Pequim num espesso manto de poluição

As autoridades emitiram o alerta amarelo, o terceiro mais alto numa escala de quatro níveis, que implica a suspensão de todas as actividades ao ar livre e o uso de máscaras de protecção respiratória. Na Mongólia, país que também foi fortemente afectado pelas tempestades, seis pessoas morreram e 340 pessoas estão desaparecidas.

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Pequim acordou esta segunda-feira envolta numa espessa nuvem de poluição, que reduziu a visibilidade até 300 metros em algumas partes da capital chinesa, devido às maiores tempestades de areia dos últimos dez anos no norte do país.

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Pequim acordou esta segunda-feira envolta numa espessa nuvem de poluição, que reduziu a visibilidade até 300 metros em algumas partes da capital chinesa, devido às maiores tempestades de areia dos últimos dez anos no norte do país.

Segundo o Observatório Meteorológico Central da China, trata-se da maior tempestade de areia no espaço de uma década. A tempestade é resultado dos efeitos combinados do ar frio e dos ciclones na região chinesa da Mongólia Interior e na Mongólia. A desertificação no norte e nordeste da China agravou os seus efeitos.

“A tempestade de areia de hoje deve-se sobretudo a factores naturais, mas também mostra que o nosso ambiente ecológico ainda é muito frágil”, disse Zhao Yingmin, vice-ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, citado pela imprensa estatal.

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As autoridades emitiram o alerta amarelo, o terceiro mais alto numa escala de quatro níveis, que implica a suspensão de todas as actividades ao ar livre e o uso de máscaras de protecção respiratória. Cerca de um quinto dos voos de e para o Aeroporto Internacional de Pequim e o Aeroporto Internacional de Daxing, no sul de Pequim, foram cancelados.

A concentração de partículas PM2,5 — as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões — ascendeu a 500 microgramas por metro cúbico, bem acima do limite de 25 microgramas recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A concentração de partículas PM10 — as segundas mais finas e também susceptíveis de se infiltrarem no sistema respiratório — chegou a 10.000 microgramas por metro cúbico em algumas zonas da cidade. Para estas partículas, o limite de concentração recomendado pela OMS é de 50 microgramas.

Os topos dos edifícios mais altos da cidade estavam envoltos numa nuvem espessa de poluição e quem se atreveu a sair de casa na manhã de segunda-feira usou toucas improvisadas para proteger o rosto e o cabelo. "Parece o fim do mundo”, disse Flora Zou, de 25 anos, moradora de Pequim. “Com este tipo de clima não queria estar fora de casa.”

A China tem tentando reflorestar e restaurar a ecologia da região para limitar a quantidade de areia que atinge a capital. Foi plantada uma “grande muralha verde” de árvores para capturar a poeira e tentar criar corredores de ar que canalizam o vento e permitam que a areia e outros poluentes passem mais rapidamente.

As tempestades de areia devem deslocar-se para o sul em direcção ao delta do rio Yangtse e desaparecer na quarta ou quinta-feira, previu o ministério do Ambiente da China.

Pequim enfrenta tempestades de areia regulares em Março e Abril devido à proximidade com o deserto de Gobi. Segundo a Reuters, a Agência Nacional de Gestão de Emergências da Mongólia revelou que as fortes tempestades de areia resultaram em seis mortes e 340 pessoas desaparecidas em território mongol. As tempestades de areia afectaram um total de 12 áreas no norte e noroeste da China, incluindo a região de Xinjiang e as províncias de Shanxi, Gansu e Ningxia.