Ex-primeiro-ministro italiano Enrico Letta eleito líder do Partido Democrático

Letta pede o fim das guerras internas no partido e assume querer chefiar um projecto de governo de centro-esquerda.

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Letta liderou o Governo de Itália entre 2013 e 2014 Remo Casilli/Reuters

O antigo primeiro-ministro de Itália, Enrico Letta, foi eleito neste domingo líder do Partido Democrático (PD). Letta apelou ao fim das guerras internas no partido de centro-esquerda e pediu união entre os militantes antes das próximas eleições legislativas italianas.

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O antigo primeiro-ministro de Itália, Enrico Letta, foi eleito neste domingo líder do Partido Democrático (PD). Letta apelou ao fim das guerras internas no partido de centro-esquerda e pediu união entre os militantes antes das próximas eleições legislativas italianas.

A sua eleição acontece depois de Nicola Zingaretti ter saído abruptamente da liderança do PD, dizendo estar “envergonhado” com as disputas dentro do partido que apoia o Governo de unidade nacional chefiado por Mario Draghi.

“A nossa política deveria resumir-se a duas dimensões que parecem estar muito longe uma da outra: a alma e uma chave de fendas. Temos de as juntar e nunca mais as separar. Se usarmos apenas a nossa alma, as nossas ideias nunca terão sucesso”, disse Letta, de 54 anos, no seu discurso antes de ter sido nomeado secretário-geral do PD.

Com 860 votos a favor, 2 contra e 4 abstenções, o ex-primeiro-ministro – que era o único candidato ao cargo – torna-se o nono líder do PD, o partido que ajudou a fundar em 2007.

Letta regressa, assim, à linha da frente da política italiana, depois de ter liderado, entre 2013 e 2014, um Governo de coligação que juntava partidos de centro-esquerda e centro-direita.

Foi depois afastado do cargo por Matteo Renzi, seu adversário dentro do PD – que acabou por abandonar o partido em 2019 para fundar a Itália Viva.

Num discurso de cerca de uma hora, no qual citou o Papa Francisco e o filósofo francês Jean-Paul Sartre, Letta pediu ao partido que se renove, abriu as portas para futuras alianças e excluiu-se das disputas internas.

O PD tem passado por dificuldades nos últimos anos, perdendo eleitores e cedendo terreno aos partidos do centro e da direita em regiões onde sempre esteve historicamente enraizado. 

“Somos o motor do Governo de Draghi e temos de nos preparar para o que vier a seguir, quando formos a eleições. Queremos construir um novo centro-esquerda, com a iniciativa e a liderança do PD”, afirmou Letta.

O antigo primeiro-ministro informou que nas próximas semanas irá falar com todos os partidos de esquerda e do centro, incluindo o Movimento 5 Estrelas.

Moderado e pró-europeu, Enrico Letta revelou ainda que a sua agenda política vai focar-se no desemprego, nas mulheres e nos jovens.

Entre as suas propostas destacam-se a redução da idade para votar – dos actuais 18 para 16 anos – e a concessão de nacionalidade aos filhos de imigrantes estrangeiros que tenham nascido em Itália.