Surtos nos lares caíram para quase metade. Vacinação já contribui para diminuição de casos
Lares das misericórdias registaram uma morte nas últimas duas semanas, um valor que contrasta com os 140 óbitos contabilizados na primeira semana de Fevereiro. Número de surtos activos em lares do país diminuiu 45% face à semana anterior.
Depois dos profissionais de saúde, os idosos. A campanha de vacinação nas estruturas residenciais para idosos (ERPI) iniciou-se há pouco mais de um mês, a 4 de Janeiro, e já se notam os primeiros sinais dessa imunização. O coordenador da task force para o plano de vacinação contra a covid-19, o vice-almirante Gouveia e Melo, disse ao PÚBLICO que não há neste momento situações graves em ERPI, de acordo com os dados que recebeu do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
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Depois dos profissionais de saúde, os idosos. A campanha de vacinação nas estruturas residenciais para idosos (ERPI) iniciou-se há pouco mais de um mês, a 4 de Janeiro, e já se notam os primeiros sinais dessa imunização. O coordenador da task force para o plano de vacinação contra a covid-19, o vice-almirante Gouveia e Melo, disse ao PÚBLICO que não há neste momento situações graves em ERPI, de acordo com os dados que recebeu do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
O ministério não confirmou ao PÚBLICO se há ou não instituições a passar por momentos de maior complicação, mas confirma que existe uma redução do número de casos em ERPI.
Tanto o vice-almirante como o executivo disseram que ainda não há estudos estatísticos que confirmem estas indicações, mas Gouveia e Melo defende que os indicadores são “resultado da vacinação”.
Quem está encarregado dessa análise da efectividade e impacto da imunização no país é o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), mas ainda deve demorar algum tempo até que os resultados desse estudo sejam divulgados, visto que apenas 8% da população portuguesa recebeu, até agora, pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19.
Surtos nos lares continuam a diminuir
Numa altura em que perto de 50% das pessoas com mais de 80 anos já receberam pelo menos uma dose da vacina e 10% já tem a vacinação completa, ainda não foram divulgados estudos que revelem o impacto que a imunização está a ter. Mas essa influência já pode ser observada em alguns indicadores, sem esquecer que a melhoria da situação epidemiológica nacional, resultado das medidas de confinamento que vigoram até segunda-feira, também ajuda a baixar valores.
De acordo com dados da Direcção-Geral da Saúde disponibilizados pelo ministério, a 9 de Março havia 152 surtos activos em lares, uma redução de cerca de 45% face aos 275 que se contavam na semana anterior. Ao mesmo tempo, havia na segunda-feira registo de casos de infecção em 267 lares, menos 44 que na semana anterior (uma descida de 14,5%).
Os efeitos também se fazem sentir numa diminuição drástica do número de mortes. Na sexta-feira passada, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, anunciou que os lares das misericórdias não tinham registado qualquer morte por covid-19, “números espectaculares” que contrastavam com os 140 óbitos numa semana do início de Fevereiro.
Contactado pelo PÚBLICO, Manuel Lemos confirmou que a situação está mais calma nas instituições, referindo que esta semana havia confirmação de, pelo menos, uma morte, numa altura em que a vacinação está concluída na maioria dos lares das misericórdias.
A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) também dá conta de dias mais serenos nos cerca de 900 lares que engloba. Apenas 20 ainda não iniciaram a campanha de vacinação devido a surtos ainda por resolver, sendo que a maioria dos utentes dos restantes estabelecimentos e a maioria dos trabalhadores já receberam as duas doses.
O padre Lino Maia, presidente da CNIS, sublinhou ao PÚBLICO que o processo de imunização “está a correr bem”, atribuindo a diminuição dos surtos verificada em lares não só à vacinação, mas também à redução de casos na comunidade.
Estudos de outros países confirmam efeitos da vacinação
Os testemunhos dos lares permitem perceber que a vacinação já exerce um papel importante na prevenção de novos surtos. Os focos de infecção que já existiam vão sendo resolvidos, mas não há novos surtos a aparecer nas instituições em que os utentes e profissionais já foram inoculados.
Outros países já têm notado resultados da vacinação na mitigação do contágio nas faixas etárias mais avançadas, bem como uma redução de mortes e internamentos. Aqui ao lado, o Governo espanhol observou uma diminuição de 95% dos casos em lares entre 24 de Janeiro e 21 de Fevereiro, passando de 4439 casos identificados na terceira semana de Janeiro para apenas 215 a 21 de Fevereiro.
Nos Estados Unidos, dados recolhidos pelo The New York Times revelaram que o número de novos casos em lares diminuiu mais de 80% entre finais de Dezembro e inícios de Fevereiro, um ritmo que foi quase o dobro do verificado na generalidade da população.
No Reino Unido, uma análise da agência de saúde britânica (Public Health England) publicada a 1 de Março mostrou que a toma de uma única dose de vacina contra a covid-19 em pessoas com mais de 80 anos teve uma eficácia de mais de 80% na prevenção de internamentos.
Em Israel, onde o programa de vacinação já permitiu imunizar por completo perto de 50% da população, os efeitos também já se faziam notar em meados de Fevereiro: um estudo envolvendo 1,2 milhões de pessoas mostrou uma redução de 94% no número de infecções sintomáticas no grupo com a inoculação completa (cerca de 600 mil).