Jacarandás e um balanço em tempos de pandemia

Agora, com o anúncio de um plano de desconfinamento, surge uma espécie de esperança renovada no que aí vem, depois do desalento e da fadiga pandémica que nos assolou. Mas, afinal, que caminho teremos ainda que trilhar?

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Junel Mujar/Unsplash

Somos de fazer balanços na passagem do ano ou no nosso aniversário, tornamos estes dias momentos de viragem, de estabelecer objectivos e olhar para o futuro. Lisboa trouxe-me um novo momento de balanço, os jacarandás em flor. Um ano de pandemia de covid-19 passado, entre estados de emergência, teletrabalho e passeios tímidos pelo bairro, confinamentos e desconfinamentos, este ano os jacarandás voltam a florir na mesma altura em que, mais do que um balanço, precisamos de um plano de futuro.

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Somos de fazer balanços na passagem do ano ou no nosso aniversário, tornamos estes dias momentos de viragem, de estabelecer objectivos e olhar para o futuro. Lisboa trouxe-me um novo momento de balanço, os jacarandás em flor. Um ano de pandemia de covid-19 passado, entre estados de emergência, teletrabalho e passeios tímidos pelo bairro, confinamentos e desconfinamentos, este ano os jacarandás voltam a florir na mesma altura em que, mais do que um balanço, precisamos de um plano de futuro.

Entre as paredes de casa, a janela mostra-me a serenidade do céu azul com as flores roxas, que contrastam com o turbilhão de ânsias que foram e são os últimos dias, semanas, meses… ano. Agora, com o anúncio de um plano de desconfinamento, surge uma espécie de esperança renovada no que aí vem, depois do desalento e da fadiga pandémica que nos assolou. Mas, afinal, que caminho teremos ainda que trilhar?

Os mais de 800 mil casos de covid-19 e as mais de 16 mil mortes, registadas até agora em Portugal, são um alerta constante de como esta é uma maratona que tem sido uma prova da capacidade de adaptação e verdadeira resiliência de todos nós. E, por isso, é tão importante um plano nas várias áreas para os próximos quilómetros desta travessia.

A taxa de transmissibilidade do vírus e o risco de transmissão (Rt) tornaram-se indicadores que nos fecharam em casa, uma e outra vez. Durante este ano, fomos aprendendo a lidar com a incerteza da pandemia – especialistas, cientistas, decisores políticos, cada um de nós. Aprendemos que não há medidas milagrosas e que não funcionam sozinhas. Uma boa testagem da população, detecção e isolamento precoce dos contactos de risco e doentes mostraram-se essenciais para o controlo do contágio. Medidas mais restritivas como o confinamento ou a menor mobilidade são chave para uma rápida queda da transmissão do vírus. Um forte e célere plano de vacinação é determinante para avançarmos nos próximos passos em segurança. A comunicação clara e integrada é essencial e base para tudo o resto.

Por mais que a incerteza se tenha tornado constante nas nossas vidas, o desconfinamento deverá ser feito sem pressas, com passos seguros, mesmo que pequenos. Gradual, consistente, mas flexível, com os vários indicadores de risco. Expectante como todos com o caminho se segue, espero um plano que espelhe não só todas as aprendizagens, mas também que conte com o apoio dos vários agentes da sociedade, da saúde e ciência à comunicação de ciência, da economia à psicologia, que se mostram disponíveis a contribuir.

Sim, estamos cansados e olhar o futuro pode ser angustiante e os planos próprios de quem faz um balanço podem parecer inoportunos. Mas mantenhamos o equilíbrio da liberdade com a consistência no cumprimento das medidas. Enquanto isso, que no caminho sejamos capazes de focalizar no presente e viver cada momento como se fosse uma flor de jacarandá. Eu já contei uns quantos em flor e a Primavera está a chegar.