Jacarandás e um balanço em tempos de pandemia
Agora, com o anúncio de um plano de desconfinamento, surge uma espécie de esperança renovada no que aí vem, depois do desalento e da fadiga pandémica que nos assolou. Mas, afinal, que caminho teremos ainda que trilhar?
Somos de fazer balanços na passagem do ano ou no nosso aniversário, tornamos estes dias momentos de viragem, de estabelecer objectivos e olhar para o futuro. Lisboa trouxe-me um novo momento de balanço, os jacarandás em flor. Um ano de pandemia de covid-19 passado, entre estados de emergência, teletrabalho e passeios tímidos pelo bairro, confinamentos e desconfinamentos, este ano os jacarandás voltam a florir na mesma altura em que, mais do que um balanço, precisamos de um plano de futuro.
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Somos de fazer balanços na passagem do ano ou no nosso aniversário, tornamos estes dias momentos de viragem, de estabelecer objectivos e olhar para o futuro. Lisboa trouxe-me um novo momento de balanço, os jacarandás em flor. Um ano de pandemia de covid-19 passado, entre estados de emergência, teletrabalho e passeios tímidos pelo bairro, confinamentos e desconfinamentos, este ano os jacarandás voltam a florir na mesma altura em que, mais do que um balanço, precisamos de um plano de futuro.
Entre as paredes de casa, a janela mostra-me a serenidade do céu azul com as flores roxas, que contrastam com o turbilhão de ânsias que foram e são os últimos dias, semanas, meses… ano. Agora, com o anúncio de um plano de desconfinamento, surge uma espécie de esperança renovada no que aí vem, depois do desalento e da fadiga pandémica que nos assolou. Mas, afinal, que caminho teremos ainda que trilhar?
Os mais de 800 mil casos de covid-19 e as mais de 16 mil mortes, registadas até agora em Portugal, são um alerta constante de como esta é uma maratona que tem sido uma prova da capacidade de adaptação e verdadeira resiliência de todos nós. E, por isso, é tão importante um plano nas várias áreas para os próximos quilómetros desta travessia.
A taxa de transmissibilidade do vírus e o risco de transmissão (Rt) tornaram-se indicadores que nos fecharam em casa, uma e outra vez. Durante este ano, fomos aprendendo a lidar com a incerteza da pandemia – especialistas, cientistas, decisores políticos, cada um de nós. Aprendemos que não há medidas milagrosas e que não funcionam sozinhas. Uma boa testagem da população, detecção e isolamento precoce dos contactos de risco e doentes mostraram-se essenciais para o controlo do contágio. Medidas mais restritivas como o confinamento ou a menor mobilidade são chave para uma rápida queda da transmissão do vírus. Um forte e célere plano de vacinação é determinante para avançarmos nos próximos passos em segurança. A comunicação clara e integrada é essencial e base para tudo o resto.
Por mais que a incerteza se tenha tornado constante nas nossas vidas, o desconfinamento deverá ser feito sem pressas, com passos seguros, mesmo que pequenos. Gradual, consistente, mas flexível, com os vários indicadores de risco. Expectante como todos com o caminho se segue, espero um plano que espelhe não só todas as aprendizagens, mas também que conte com o apoio dos vários agentes da sociedade, da saúde e ciência à comunicação de ciência, da economia à psicologia, que se mostram disponíveis a contribuir.
Sim, estamos cansados e olhar o futuro pode ser angustiante e os planos próprios de quem faz um balanço podem parecer inoportunos. Mas mantenhamos o equilíbrio da liberdade com a consistência no cumprimento das medidas. Enquanto isso, que no caminho sejamos capazes de focalizar no presente e viver cada momento como se fosse uma flor de jacarandá. Eu já contei uns quantos em flor e a Primavera está a chegar.