Oposição tanzaniana diz que Presidente está na Índia com covid-19, Governo nega

O líder da oposição afirma que John Magufuli foi enviado para a Índia em coma, mas o executivo anunciou esta sexta-feira que ele se encontra bem e a trabalhar.

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O Presidente da Tanzânia, John Magufuli, não aparece publicamente, nem se dirige ao país, há mais de duas semanas. Thomas Mukoya/Reuters

O Presidente da Tanzânia, John Magufuli, afinal está bem de saúde e não foi transferido para um hospital na Índia em coma, disseram duas fontes oficiais esta sexta-feira, citadas pela televisão pública controlada pelo Estado.

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O Presidente da Tanzânia, John Magufuli, afinal está bem de saúde e não foi transferido para um hospital na Índia em coma, disseram duas fontes oficiais esta sexta-feira, citadas pela televisão pública controlada pelo Estado.

Esta reacção do Governo surge após o líder da oposição, Tundu Lissu, ter avançado na quinta-feira que o chefe de Estado “está em coma desde ontem [quarta-feira] de manhã”, infectado com covid-19, e que havia sido transferido para a Índia.

“O primeiro-ministro pediu aos tanzanianos para estarem calmos, porque o Presidente John Magufuli está bem e está a fazer com o seu trabalho”, divulgou a Television Broadcasting Network (TBC), segundo a Reuters. O embaixador da Tanzânia na Namíbia, Modestus Kipilimba, também disse, em entrevista, que não havia nenhum problema com o Presidente: “Tanto quanto sei, ele está bem”.

Estas foram as primeiras reacções oficiais de fontes do Governo sobre o estado de saúde do Presidente da Tanzânia, que tem sido alvo de especulações depois de há duas semanas não ser visto publicamente. Nem houve qualquer explicação oficial para a vice-Presidente, Samia Suluhu Hassan, ter substituído o chefe de Estado na conferência virtual com os líderes do bloco regional do leste de África que aconteceu no dia 27 de Fevereiro.

Desde então a população tem-se questionado sobre a sua ausência, correndo rumores pelo país, apoiados pela oposição, de que Magufuli foi infectado pelo vírus, internado num hospital privado no Quénia e transferido depois para a Índia devido ao agravamento do seu estado de saúde.

O líder da oposição, Tundu Lissu, avançou com essa teoria, citando fontes não identificadas, mas já na quarta-feira o diário Daily Nation mencionava que “um líder africano” estava internado num hospital de Nairobi ligado ao ventilador.

“Estão a planear levá-lo sorrateiramente para a Índia para evitar o embaraço nos meios de comunicação social”, lê-se numa publicação no Twitter de Lissu. “O homem mais poderoso da Tanzânia está a escapulir-se como um fora-da-lei!”, escreveu o opositor, referindo que também que a “loucura” do Presidente, de privilegiar a “oração” à “ciência”, acabou por se lhe revelar prejudicial.

A directora da Organização Mundial de Saúde [OMS] para África, Matshidiso Moeti, disse, numa conferência de imprensa na quinta-feira, que não havia informações claras relativamente ao estado de saúde de Magufuli, segundo a Al Jazeera. Referiu também que a Tanzânia começa agora a reconhecer o perigo da pandemia, depois de dois altos funcionários terem sucumbido recentemente ao vírus.

O cepticismo e falta de transparência do Presidente

O Presidente da Tanzânia, no poder desde 2015, é conhecido pelo seu cepticismo relativamente ao coronavírus, por acreditar em conspirações, como a de que as vacinas são uma via através da qual os países do Ocidente ambicionam obter a riqueza africana.

Desde Maio do ano passado que o Governo da Tanzânia não divulga números relativos aos contágios e mortes à custa da pandemia. Os últimos dados reportados indicam apenas 509 casos e 21 mortes por covid-19.

Magufuli garantiu mesmo que o país estava livre do vírus ainda em Maio, com o apoio de Deus e a ajuda de tratamentos não comprovados como inalação de vapores.

O uso de máscaras e o distanciamento social têm sido renegados pelo Governo, assim como a vacinação. “As vacinas não são boas,” disse o Presidente no início deste ano, citado pela Al Jazeera, explicando que “se elas fossem [boas], então o homem branco teria produzido vacinas para o VIH/sida”.

A OMS tem criticado a falta de transparência do Governo da Tanzânia em relação à pandemia e apelado à divulgação de mais dados.

Texto editado por António Rodrigues