África do Sul: Morreu Zwelithini, o rei zulu

Monarca do maior grupo étnico sul-africano tinha 72 anos e fora hospitalizado para tratamento da diabetes.

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Goodwill Zwelithini era um guardião da cultura e tradições zulu KIM LUDBROOK/EPA

O “monarca visionário”, mas também controverso, Goodwill Zwelithini, o rei zulu da África do Sul, morreu esta sexta-feira num hospital na província de KwaZulu-Natal. Apesar do papel cerimonial, Zwelithini era reverenciado por milhões de zulus e via o seu papel como o de guardião das tradições da comunidade.

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O “monarca visionário”, mas também controverso, Goodwill Zwelithini, o rei zulu da África do Sul, morreu esta sexta-feira num hospital na província de KwaZulu-Natal. Apesar do papel cerimonial, Zwelithini era reverenciado por milhões de zulus e via o seu papel como o de guardião das tradições da comunidade.

“Sinto que é uma perda não só para a nação zulu, mas para a própria cultura”, disse Noni Casmiro, residente em Joanesburgo, à agência Reuters.

Goodwill Zwelithini tinha 72 anos e fora internado no mês passado para tratamentos relacionados com a diabetes.

Coroado oficialmente como oitavo monarca zulu em 1971, aos 23 anos, Zwelithini tinha passado três anos escondido, temendo ser assassinado após a morte do pai em 1968.

O Presidente, Cyril Ramaphosa, louvou um “monarca visionário”, destacando a sua contribuição para a unidade nacional e para o desenvolvimento económico na província de KwaZulu-Natal e na África do Sul em geral. O partido da oposição Aliança Democrática considerou Zwelithini “uma figura muito importante e influente na nossa paisagem política e cultural nas últimas cinco décadas”.

Mas Zwelithini não foi uma figura sem polémicas: a decisão de reviver uma prática do século XIX em que milhares de raparigas dançam de tronco nu em frente ao rei não foi vista com muito bons olhos.

Em 2015, várias pessoas foram mortas em acções de acções de violência contra imigrantes depois de comentários xenófobos de Zwelithini. Este lamentou depois as mortes e os ataques violentos e distanciou-se das afirmações anteriores.

Três anos mais tarde, entrou no debate sobre a propriedade de terras, avisando o governo para não incluir os terrenos sob o seu controlo na reforma que tinha como objectivo, sobretudo, as propriedades detidas por brancos.

Sob uma entidade chamada Ingonyama Trust, Zwelithini controlava três milhões de hectares na província de KwaZulu-Natal, uma das regiões destinadas aos sul-africanos negros durante o apartheid. As autoridades tribais argumentam que são guardiãs dos terrenos e muitas vezes controlam os seus recursos, negociando por exemplo com as empresas de mineração.

Reagindo à morte de Zwelithini, outro habitante de Joanesburgo, Lazarus Aphane, disse que o rei tinha ajudado muitos “em alturas difíceis durante o apartheid”.