EDP propõe ex-presidente João Talone para liderar conselho geral
O antigo gestor da EDP e do BCP vai ser o líder do órgão onde estão representados os principais accionistas da eléctrica presidida por Miguel Stilwell de Andrade.
A EDP convocou os seus accionistas para a assembleia-geral anual que irá realizar-se no dia 14 de Abril e que deverá aprovar, entre outros pontos, a nova composição do seu conselho geral e de supervisão (o órgão onde estão representados os grandes accionistas, como a China Three Gorges e o grupo espanhol Masaveu).
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A EDP convocou os seus accionistas para a assembleia-geral anual que irá realizar-se no dia 14 de Abril e que deverá aprovar, entre outros pontos, a nova composição do seu conselho geral e de supervisão (o órgão onde estão representados os grandes accionistas, como a China Three Gorges e o grupo espanhol Masaveu).
A EDP pretende entregar a liderança deste conselho a João Talone, que foi presidente executivo da empresa entre 2003 e 2006, antes de fundar a sociedade de private equity Magnum Capital Industrial Partners, especializada em investimentos no mercado ibérico.
Talone, que substituirá no cargo de presidente do CGS da EDP o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado (que por sua vez sucedeu ao ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga), mantém-se ainda ligado ao sector da energia através Hyperion, a empresa especializada em projectos de energia renovável, que fundou em sociedade com outro ex-gestor da EDP que esteve na sua antiga equipa, Pedro Bastos Rezende.
Antes da liderança executiva da EDP, Talone havia sido administrador executivo do BCP, de onde saiu em 2001.
De acordo com a nota biográfica publicada no site da Magnum Capital Industrial Partners, entre 2002 e 2003, foi “Comissário Especial do Governo português” para liderar “o processo de extinção da Investimentos e Participações Empresariais (IPE)”, a empresa pública que detinha e controlava as maiores participações do Estado em empresas industriais.
“Durante esse período liderou também um processo para redesenhar e reestruturar o sector energético português”. Em 2003 ingressou na EDP, aonde regressa agora, para liderar o CGS.
De acordo com os comunicados enviados pela eléctrica à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), serão ainda reconduzidos como conselheiros os membros independentes Luís Palha da Silva (presidente da mesa da assembleia-geral), João Carvalho das Neves, Carmen Fernández Rosado e Laurie Fitch.
Este órgão passará ainda a contar com Esmeralda Dourado, Helena Cerveira Pinto, Sandrine Dixson-Declève e Zili Shao.
Flexibilidade financeira
Os pontos que serão votados na reunião de accionistas da EDP incluem também uma renovação, pelo prazo de cinco anos, da autorização dada pelos accionistas à equipa de gestão para avançarem com um aumento de capital no máximo até 10% do capital.
“A possibilidade de o conselho de administração executivo dispor de poderes para proceder ao aumento do capital social constitui um instrumento relevante para a gestão da capacidade financeira da sociedade”, refere a EDP, destacando “o contexto dos mercados financeiros nacional e internacional”.
Mas, além da renovação da autorização para um aumento de capital, a empresa propõe ainda aos seus accionistas alterações aos estatutos que incluem uma “autorização autónoma” ao órgão executivo liderado por Miguel Stilwell de Andrade para poder aumentar o capital social da empresa nos próximos anos.
Mais concretamente, “por uma ou mais vezes, até 14 de Abril de 2026, num montante correspondente ao máximo de 10% do actual capital social”, em operações dirigidas a investidores qualificados, através de processos de colocação acelerada de acções (accelerated bookbuilding), que permite à oferta concretizar-se num período curto de tempo.
Estes procedimentos dão à empresa “a flexibilidade necessária para, em determinado momento, tirar proveito de condições de mercado favoráveis a um aumento de capital”, salienta a EDP. Com isso, será possível maximizar “o encaixe da operação ou operações”, acrescenta-se.
Em paralelo, a empresa pede ainda aos accionistas que aceitem suprimir “o direito de preferência no(s) aumento(s) de capital aprovados” ao abrigo desta alteração estatutária.
Investimentos até 2025
No ano passado, a EDP aumentou capital em mil milhões de euros para comprar activos renováveis à espanhola Viesgo.
Recentemente, a empresa diminuiu a sua posição no capital da EDP Renováveis de 83% para 75%, na sequência de um aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros destinado a ajudar a financiar um plano de investimentos de cerca de 19 mil milhões de euros, até 2025.
No total, o grupo prevê investimentos de 24 mil milhões de euros neste prazo temporal.