Fukushima, o insustentável preço do nuclear
Nos anos seguintes ao acidente de Fukushima, o Japão deu uma das mais importantes respostas à crise. Apesar do aumento do uso de carvão com incidências ambientais significativas, nomeadamente em termos climáticos, houve um enorme impulso para economizar energia e melhorar a eficiência energética.
Na história de acidentes graves ocorridos em centrais nucleares, há três que foram verdadeiros marcos de alerta à escala mundial: Three Mile Island nos Estados Unidos da América em 1979, Chernobil na então União Soviética em 1986 e Fukushima no Japão há dez anos. Todos eles foram determinantes para a evolução do uso da energia nuclear para produção de eletricidade, quer pelas consequências, quer principalmente pela perceção do risco de funcionamento das instalações, mas também pela melhoria de regras de segurança que implicaram e o consequente aumento de custos decorrentes destas maiores exigências para evitar novos problemas.
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Na história de acidentes graves ocorridos em centrais nucleares, há três que foram verdadeiros marcos de alerta à escala mundial: Three Mile Island nos Estados Unidos da América em 1979, Chernobil na então União Soviética em 1986 e Fukushima no Japão há dez anos. Todos eles foram determinantes para a evolução do uso da energia nuclear para produção de eletricidade, quer pelas consequências, quer principalmente pela perceção do risco de funcionamento das instalações, mas também pela melhoria de regras de segurança que implicaram e o consequente aumento de custos decorrentes destas maiores exigências para evitar novos problemas.
Nos anos seguintes ao acidente de Fukushima, o Japão deu uma das mais importantes respostas à crise – apesar do aumento do uso de carvão com incidências ambientais significativas, nomeadamente em termos climáticos, houve um enorme impulso para economizar energia e melhorar a eficiência energética. Ao mesmo tempo, a expansão da energia renovável no Japão subiu de 10,5% em 2011 para 17,4% em 2018. A expansão da energia solar tem sido particularmente forte, representando 7,4% da geração total de eletricidade em 2019, superando a energia nuclear (6,5%).
Foram consultadas três fontes credíveis e recentes: um relatório de dezembro de 2020 da Agência Internacional de Energia, um boletim da U.S. Energy Information Administration e um artigo de Fevereiro de Sovacool e colegas na revista científica Energy Research & Social Science. Todos mostravam uma realidade comum – os chamados custos nivelados de produção de eletricidade através de centrais fotovoltaicas e de aerogeradores em terra são inferiores aos custos associados à produção de eletricidade a partir do nuclear. A última referência incorporava igualmente os custos sociais (externalidades) e a diferença a favor das renováveis mantinha-se.
A União Europeia, no âmbito da reformulação da sua política fiscal, a chamada taxonomia onde se identificam as atividades que podem ser apoiadas dado serem consideradas relevantes no contexto de um desenvolvimento sustentável, está atualmente a decidir se a energia nuclear tem este enquadramento. Nas próximas semanas, o Joint Research Centre (JRC) publicará sua análise que será sujeita a uma nova revisão por dois grupos de especialistas científicos, antes da Comissão Europeia tomar uma decisão.
A Áustria já se antecipou ao considerar que existem fontes de energia alternativas ao nuclear que garantem poucas emissões de gases com efeito de estufa e muito menos riscos, não implicam os elevados custos futuros com resíduos radioativos e o desmantelamento das centrais e, acima de tudo, asseguram um preço de produção de eletricidade muito mais reduzido, não devendo o nuclear sequer ser considerado uma tecnologia de transição. O preço do nuclear tornou-se insustentável e o acidente de Fukushima foi decisivo para o seu fim em países como a Alemanha. Na Europa, só com uma fortíssima subsidiação direta ou indireta o nuclear parece ter algum futuro como na França, Finlândia ou no Reino Unido.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico