“A verdade prevaleceu”, diz Lula sobre a anulação das suas condenações
O ex-Presidente brasileiro reagiu pela primeira vez à decisão do Supremo Tribunal Federal de anular as suas condenações por parcialidade do juiz Sérgio Moro.
Na sua primeira reacção à anulação das suas condenações e à autorização para disputar eleições, o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva atacou a gestão da pandemia pelo Governo de Jair Bolsonaro, a que chamou de “desgoverno”, agradeceu ao Supremo e disse que a “verdade prevaleceu”.
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Na sua primeira reacção à anulação das suas condenações e à autorização para disputar eleições, o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva atacou a gestão da pandemia pelo Governo de Jair Bolsonaro, a que chamou de “desgoverno”, agradeceu ao Supremo e disse que a “verdade prevaleceu”.
Falando de improviso, sem nenhum tipo de autocrítica aos seus governos (2003-2010) e de Dilma Rousseff (2011-2016), Lula subiu o tom contra Bolsonaro em diferentes momentos, tentando explicar ao Presidente como se governa e disse estar agradecido ao ministro Edson Fachin (STF) por ele “ter cumprido o que a gente reivindicava desde 2016”.
“Fiquei feliz com a verdade”, disse Lula, que deixou de ser “ficha-suja” e poderá candidatar-se às eleições presidenciais de 2022 contra Bolsonaro.
“Este país não tem governo, este país não cuida da economia, não cuida do emprego, não cuida do salário, não cuida da saúde, não cuida do meio ambiente, não cuida da educação, não cuida do jovem, não cuida da menina da periferia”, contou o ex-chefe de Estado.
Lula chamou Bolsonaro de “fanfarrão” e quis explicar-lhe “qual é o papel de um Presidente da República”, citando a necessidade de avanços económicos e sociais, no meio da crise da pandemia e desconfiança do mercado sobre a sua candidatura em 2022. Ainda disse querer voltar a andar pelo país e conversar com a população sobre os males de Bolsonaro.
O discurso foi recheado de contrapontos a Bolsonaro. Lula fez questão de acenar aos líderes mundiais que o apoiam, em oposição ao isolamento de Bolsonaro. Citou Pepe Mujica, o Papa Francisco e Alberto Fernández. O ex-Presidente também elogiou jornalistas. Afirmou que a liberdade de imprensa é um pilar da democracia.
Num longo em discurso, Lula disse que a Lava-Jato “desapareceu” de sua vida e que as suas amarguras estão superadas, afirmou estar tranquilo, mas que ainda quer a punição do ex-juiz Sérgio Moro, responsável pela sua condenação no caso do tríplex de Guarujá que o deixou preso durante 580 dias em Curitiba.
O ex-Presidente disse que não há espaço para guardar ódio, mas voltou a chamar “quadrilha” aos procuradores da Lava-Jato de Curitiba. “Moro sabia que a única forma de me pegar era pela Lava-Jato. Eles tinham como obsessão, queriam criar um partido político. Mas a verdade prevaleceu.”
Disse que em 2018 se entregou à Polícia Federal contra a sua vontade e que o fez porque tinha clareza sobre as inverdades sobre ele e que poderia provar a sua inocência em relação à Lava-Jato. “Eu tinha tanta confiança e consciência que esse dia chegaria, e ele chegou.”
Lula considerou ter sido vítima “da maior mentira da história jurídica em 500 anos de história do país” e afirmou que a sua então mulher, Marisa Letícia, morreu por causa da pressão que a família sofreu com as acusações e investigações.
Lula também criticou a actuação da imprensa em geral, como na divulgação de delações premiadas da Lava-Jato e também na cobertura jornalística sobre a revelação do conteúdo das mensagens dos procuradores, material obtido em 2019 pelo site Intercept Brasil e divulgado por diferentes veículos de imprensa.
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo