A ponte pedonal entre Cerveira a Tomiño será tão leve que até se poderá “flutuar” nela
Já se sabe qual o vencedor do concurso promovido pela CIM do Alto Minho e pela Deputación de Pontevedra para a construção de uma ponte pedonal transfronteiriça entre os dois municípios. O projecto dos gabinetes de arquitectos Burgos & Garrido Arquitectos e Bernabeu Ingenieros foi o escolhido. A Ponte Goián Cerveira terá 330 metros de comprimento e 4,7 metros de largura.
Para Ginés Garrido, “a fronteira entre Portugal e Espanha quase não existe” — especialmente a Norte, entre as regiões do Alto Minho e da Galiza, “que parecem o mesmo lugar”. Separa-as o rio, une-as a proximidade das línguas, o movimento “de muitas que pessoas que passam a fronteira diariamente” e as “relações próximas que ambos os lados mantêm”, acrescenta o arquitecto espanhol. E, claro, ligam-nas também as pontes espalhadas pela zona. Entre Vila Nova de Cerveira e Tomiño, será construída mais uma: esta será pedonal e ciclável e lançar-se-á sobre o rio para ser possível ir do Parque de Lazer do Castelinho, do lado de cá, ao Espaço Fortaleza, no lado galego. Será conhecida como Ponte Goián Cerveira.
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Para Ginés Garrido, “a fronteira entre Portugal e Espanha quase não existe” — especialmente a Norte, entre as regiões do Alto Minho e da Galiza, “que parecem o mesmo lugar”. Separa-as o rio, une-as a proximidade das línguas, o movimento “de muitas que pessoas que passam a fronteira diariamente” e as “relações próximas que ambos os lados mantêm”, acrescenta o arquitecto espanhol. E, claro, ligam-nas também as pontes espalhadas pela zona. Entre Vila Nova de Cerveira e Tomiño, será construída mais uma: esta será pedonal e ciclável e lançar-se-á sobre o rio para ser possível ir do Parque de Lazer do Castelinho, do lado de cá, ao Espaço Fortaleza, no lado galego. Será conhecida como Ponte Goián Cerveira.
O projecto, dirigido por Ginés Garrido, saiu dos gabinetes Burgos & Garrido Arquitectos e Bernabeu Ingenieros foi o vencedor do concurso promovido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e pela Deputación de Pontevedra para a construção de uma ponte pedonal para conectar as duas margens. Por sua vez, esse concurso inseriu-se no projecto Visit Rio Minho, também sob a alçada das duas entidades. Assim, ali surgirá o Parque Transfronteiriço Castelinho-Fortaleza, apresentado em Agosto de 2017.
Com 330 metros de comprimento e 4,7 metros de largura, a Ponte Goián Cerveira terá uma via dedicada para ciclistas e outra para pedestres. Para além disso, será suspensa, “pendurada” por um cabo que se liga a dois pilares erguidos sobre o território de cada um dos parques. Ainda que este abraço entre as duas margens seja construído a partir do ferro, a ligação não será austera, mas sim “transparente” e “leve” — tanto “em termos de peso como no sentido da experiência de cruzar o rio”, descreve Ginés Garrido.
Difícil de antever, mesmo com os pés postos no início do percurso, será também a inclinação proposta para o tabuleiro. “Vai ser como flutuar ou voar”, prevê o arquitecto. É que para se passar de um lado para o outro, “ter-se-á de subir e descer”, já que a ponte arqueia ligeiramente. O ponto de equilíbrio (e mais alto) encontra-se a meio, onde as paisagens a Este e Oeste enchem o campo de visão. Tal como a ponte, também as vistas são assimétricas: de um lado, o rio “alarga-se, quase se vê o oceano ao fundo e o pôr-do-sol”, num quadro densamente verde; no outro, vê-se a História escrita na firmeza da pedra que ergue o Forte de San Lourenzo (do lado galego) e o Castelo de Cerveira, para além da própria vila portuguesa e da paisagem natural. “Usualmente”, acrescenta Ginés Garrido, “isto de se olhar para um lado, numa ponte, e ser completamente diferente do outro não acontece”.
A desfronteirização à boleia da sustentabilidade
À semelhança do que diz Ginés Garrido, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira, acredita que a nova ligação representa mais um passo em direcção à “desfronteirização”. Desta vez, “a abordagem” à maior aproximação entre os dois municípios “é ambiental”. Com o Visit Rio Minho, “vai nascer um parque só, cujas valências completam-se e não competem entre si, valorizando-se as duas margens”. E os seis hectares que os dois parques totalizam separadamente, passarão, com a ponte pedonal e o parque transfronteiriço, a perto de 20. Para além disso, o projecto segue uma lógica assente na “sustentabilidade”, tendo de se “integrar na paisagem”, respeitando a fauna e flora presentes
Essa também foi uma preocupação do gabinete Burgos & Garrido. “Há muitas, muitas regras a aplicar na construção de uma ponte [neste contexto]. Tem de se estudar a relação com o património histórico, a paisagem natural, o meio ambiente, as margens do rio”, explica. Por isso, “faz-se um relatório ambiental durante e após o processo”. Já o presidente do município português afirma que a ponte se diluirá “na paisagem”, “numa linha sobre o rio muito elegante”, perspectivando na sua concretização o surgimento “de um ponto de forte interesse paisagístico”. Aliada à via para ciclistas presente na futura ponte está a prevista extensão da ciclovia: “Temos já uma rede que vem de Monção e que está a estender-se para Melgaço. Depois, para Valença, Cerveira e Caminha e ecovia do Lima. E isto permite ligar às ecovias do lado galego.”
A criação do parque transfronteiriço (e a construção da ponte) é um trabalho que já vem “de há seis anos”. “É um processo moroso, trabalhoso e difícil por todas as suas componentes”, salienta o autarca. Em 2017, na apresentação do Parque Transfronteiriço Castelinho-Fortaleza, marcou-se como objectivo ter a ponte pedonal concluída “até 2020”. Contudo, entre administrações locais, “há autorizações e pareceres” que têm de resultar num acordo — mas “não chega” aos municípios “entenderem-se bem, porque tudo tem de culminar no Governo”, lembra Fernando Nogueira. “Este é um projecto grande e não para ser feito num ano. Queremos lançar num ano, mas não posso dar todas as garantias”, acrescenta.
O projecto Visit Rio Minho “será de financiamento comunitário” (75% vem por fundos Feder da União Europeia). Aquando da construção da Ponte da Amizade, que liga Cerveira a Tomiño e que dista quilómetro e meio da futura ponte pedonal, a percentagem de cofinanciamento foi a mesma. “O restante foi pago metade pelo governo da Galiza. A outra metade a Câmara de Cerveira assumiu e o Governo pagou. Desta vez será semelhante”, esclarece o autarca.
Um outro projecto, assinado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, chegou a ser dado como o vencedor por alguns meios de comunicação social, mas “depois houve problemas na análise administrativa de Pontevedra e a candidatura caiu”, esclarece o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira.