Descarrilamento levou à supressão de comboios na linha do Vouga
Cinco rodados saltaram fora dos carris num troço onde a velocidade máxima dos comboios é de 10 km/hora.
Meia dúzia de comboios da linha do Vouga foram suprimidos nos últimos dois dias devido ao descarrilamento de uma composição em Oliveira de Azeméis no passado domingo. Quatro dos comboios suprimidos foram substituídos por autocarros ao serviço da CP.
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Meia dúzia de comboios da linha do Vouga foram suprimidos nos últimos dois dias devido ao descarrilamento de uma composição em Oliveira de Azeméis no passado domingo. Quatro dos comboios suprimidos foram substituídos por autocarros ao serviço da CP.
As supressões resultaram da falta de material circulante provocada pelo descarrilamento de domingo, que levou à imobilização de duas automotoras.
As duas unidades motoras seguiam acopladas de Sernada do Vouga para Oliveira de Azeméis quando a escassos dois quilómetros da estação de destino, cinco dos oitos rodados da composição saíram fora dos carris. O acidente ocorreu por volta das 13h00 e as operações de carrilamento duraram toda a tarde
Este descarrilamento é mais um a somar aos que têm acontecido num troço de 30 quilómetros da linha do Vouga (entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga) que foi encerrado ao serviço comercial em 2009 precisamente devido ao mau estado da via férrea.
Nesse ano uma automotora saiu da linha e aterrou literalmente na lama porque os carris assentavam em travessas podres que estavam afundadas em terreno alagadiço. Como já tinha havido descarrilamentos anteriores, a Refer (hoje IP) decidiu encerrar aquele troço ao serviço comercial e desde então só lá passam os designados “comboios de serviço”, composições que vão e vêm das oficinas de Sernada para fazerem a operação comercial entre Oliveira de Azeméis e Espinho.
Esta medida foi acompanhada de uma outra: a velocidade comercial que ali se praticava, de 30 km/hora, foi reduzida para 10 km/hora fazendo daquele troço o mais lento do país. Mas como não se reforçou a manutenção da via, os descarrilamentos continuaram, tendo sido o do passado domingo o quinto desde 2018. Em Novembro passado um outro comboio de serviço tinha descarrilado a quatro quilómetros do mesmo local.
Até há pouco tempo a intenção da IP era encerrar aquele troço central da linha do Vouga ficando esta reduzida a dois ramais: Espinho – Oliveira de Azeméis e Aveiro – Sernada do Vouga. Mas com o PNI 2030 a abordagem passou a ser outra e está agora prevista “a reabilitação e modernização de toda a extensão da linha do Vouga, entre Espinho e Aveiro, mantendo a bitola métrica”. É isso que reza a ficha do PNI 2030 dedicada a esta linha, para a qual estão contemplados 100 milhões de euros para gastar até 2025.
O mesmo documento diz que “a melhoria da qualidade do serviço permitirá aumentar significativamente a procura do transporte ferroviário nesta linha, que atravessa várias zonas densamente povoadas”. E acrescenta que a manutenção da bitola métrica (é a única linha de via estreita que resta em Portugal) permitirá manter e desenvolver a actividade de turismo ferroviário, de que é exemplo o comboio histórico Vouguinha.
A IP, porém, limitou-se a anunciar em Janeiro um investimento de 34 milhões de euros para obras de reabilitação no Vouga, sem prever, contudo, qualquer investimento no troço que está em pior estado.