Amanda Gorman, poeta-sensação nos Estados Unidos, denuncia acto de racismo
Poeta de 22 anos foi seguida por um segurança até casa. “Esta é a realidade das raparigas negras. Um dia és considerada um ícone, no dia seguinte és uma ameaça”
Amanda Gorman, a poeta afro-americana de 22 anos que “captou o momento” e “uniu o mundo” na tomada de posse do Presidente norte-americano Joe Biden, em Janeiro, denunciou ter sido vítima de um presumível acto de discriminação racial. Na rede social Twitter, Gorman relatou que foi seguida até à entrada de sua casa, na cidade de californiana de Los Angeles, na noite de sexta-feira, por um segurança privado que terá exigido saber onde é que a jovem artista morava. “Tens um aspecto suspeito”, terá justificado o indivíduo. A poeta terá exibido as chaves de casa, comprovando que era moradora no edifício em causa, e o segurança ter-se-á afastado sem pedir desculpa pelo incidente.
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Amanda Gorman, a poeta afro-americana de 22 anos que “captou o momento” e “uniu o mundo” na tomada de posse do Presidente norte-americano Joe Biden, em Janeiro, denunciou ter sido vítima de um presumível acto de discriminação racial. Na rede social Twitter, Gorman relatou que foi seguida até à entrada de sua casa, na cidade de californiana de Los Angeles, na noite de sexta-feira, por um segurança privado que terá exigido saber onde é que a jovem artista morava. “Tens um aspecto suspeito”, terá justificado o indivíduo. A poeta terá exibido as chaves de casa, comprovando que era moradora no edifício em causa, e o segurança ter-se-á afastado sem pedir desculpa pelo incidente.
“Esta é a realidade das raparigas negras. Um dia és considerada um ícone, no dia seguinte és uma ameaça”, escreveu Gorman no Twitter. “De certa forma, ele tinha razão. Eu sou uma ameaça: uma ameaça à injustiça, à desigualdade, à ignorância. Qualquer pessoa que diga a verdade e caminhe com esperança é um perigo evidente e fatal para o poder”, acrescentou noutra mensagem naquela rede social.
A jovem negra foi catapultada para o estrelato há pouco mais de um mês ao tornar-se na pessoa mais jovem a dizer um poema numa tomada de posse de um Presidente nos Estados Unidos. Semanas depois, em Fevereiro, recitou outro poema no Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano, o evento de maior audiência televisiva no país.
Tem também crescido o interesse internacional na obra de Gorman, criada por uma mãe solteira em ambiente de privação económica, licenciada em Sociologia e agora cortejada tanto por editoras como por agências de modelos. No entanto, não sem polémica. Esta semana, Marieke Lucas Rijneveld, nome literário muito respeitado nos Países Baixos, e que recebeu o prémio International Booker em 2020, afastou-se do projecto de tradução dos poemas de Gorman para neerlandês na sequência de fortes críticas nas redes sociais devido ao facto de a editora em questão ter escolhido uma pessoa branca.
A editora Meulenhoff considerou que Rijneveld, que se identifica como pessoa não-binária, era “a pessoa de sonho para fazer a tradução”. No entanto, a escolha foi considerada como mais um exemplo do apagamento do papel dos artistas negros, e Rijneveld afastou-se voluntariamente do projecto.