Iniciativa Liberal recusa repto de Moedas e avança com Miguel Quintas a Lisboa
O candidato social-democrata Carlos Moedas aguardava com expectativa o “sim” da Iniciativa Liberal para uma frente de direita, mas o partido de João Cotrim de Figueiredo irá candidatar-se a solo e “com um perfeito desconhecido” (e assume os “riscos a curto prazo” dessa decisão).
A Iniciativa Liberal (IL) anunciou este sábado que irá concorrer às eleições autárquicas com um candidato próprio no círculo de Lisboa. O nome de Miguel Quintas foi anunciado este sábado, numa conferência de imprensa a partir da Praça do Município, em Lisboa, e é, como se apresentou “um perfeito desconhecido”. Ana Pedrosa-Augusto segue em segundo lugar.
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A Iniciativa Liberal (IL) anunciou este sábado que irá concorrer às eleições autárquicas com um candidato próprio no círculo de Lisboa. O nome de Miguel Quintas foi anunciado este sábado, numa conferência de imprensa a partir da Praça do Município, em Lisboa, e é, como se apresentou “um perfeito desconhecido”. Ana Pedrosa-Augusto segue em segundo lugar.
O anúncio surge depois de o PSD ter apresentado Carlos Moedas como candidato à câmara de Lisboa. O candidato social-democrata tem já o apoio do CDS, do Partido Popular Monárquico (PPM), do Movimento Partido da Terra (MPT) e da Aliança e aguardava - com expectativa - a decisão da Iniciativa Liberal. A candidatura autárquica de Carlos Moedas está até a trabalhar com a mesma agência de publicidade da Iniciativa Liberal, a Mosca, apurou o PÚBLICO junto de fonte da candidatura. Mas o partido escolheu seguir o seu próprio caminho.
A partir da Praça do Município, João Cotrim de Figueiredo indicou que já tinha comunicado a decisão a Carlos Moedas. O líder da IL rejeitou “atalhos”, distinguindo-se da “maior parte dos partidos que têm a tentação de ter sucessos eleitorais imediatos”. “Achamos que esses lugares e cargos devem ser conquistados não mudando apenas caras, mas formas de fazer política”, acrescentou.
O partido diz que o grande objectivo é “tirar da câmara [de Lisboa] o PS que há 14 anos a governa e o actual presidente que há seis anos governa sem ambição, com demasiada burocracia e lógicas clientelares de exercício de poder”.
Quem é Miguel Quintas?
O candidato da IL é lisboeta, tem 50 anos e uma licenciatura em Administração e Gestão de Empresas na Universidade Católica de Lisboa, onde veio também a concluir o MBA com especialização em Marketing. Fez também um curso de empreendedorismo no MIT em Boston. Começou a carreira na Mars, passou pela Opel e em 1998 fundou a Omnisiberia.
Depois de declarar falência em 2006, fundou a Airmet, em 2007, e um ano depois lançou a Consolidador.com. Esteve na direcção da Amadeus em Portugal, entre 2010 e 2015. No ano seguinte fundou a Parcela Já, empresa de soluções de pagamento aos consumidores.
Os compromissos de um “pai, empresário e resiliente"
Na sua apresentação, o candidato liberal falou das suas “noites passadas em carros e refeições cedidas por vizinhos” e afirma que sabe “o que é cair e voltar a construir tudo de novo, não com ajuda do nosso governo mas apesar da falta dele”. Miguel Quintas diz ser “filho de pais a quem tudo faltou” para que não lhe faltasse nada, pais esses “que hoje vêem a cidade que ajudaram a construir virar as costas aos mais velhos”, diz.
Miguel Quintas atira-se a quem usa a câmara municipal “como rampa de lançamento para voos maiores" e diz ser a prova “a resiliência dos lisboetas, como testamento à capacidade daqueles que diariamente lutam por um lugar ao sol numa cidade que vive à sombra de conferências internacionais e negócios mal explicados, como voz daqueles que estão fartos de viver à mercê de um planeamento de fachada que empurra para fora aqueles que são, foram, e sempre serão a alma deste sitio”, afirma.
A sua número dois, Ana Pedrosa-Augusto, é advogada e ex-vice-presidente do Aliança.
A explicação dada aos militantes
Num email enviado aos militantes e a que o PÚBLICO teve acesso, a Iniciativa Liberal vinca que “seria certamente mais fácil aceitar o jogo político tradicional”, mas acrescenta que não é esse o “desígnio” do partido. “Não nos motiva o facilitismo, mas um projecto com futuro”, lê-se.
Os liberais justificam que foi a atenção mediática em torno das autárquicas que apressou a decisão e admitem que apresentar uma candidatura própria que é uma decisão arriscada. "É, mais uma vez, um desafio difícil: manter a aprofundar a nossa identidade própria, mesmo com riscos de curto prazo”, afirmam.
Apesar de reconhecer que a pressa não é boa amiga, a IL garante que não irá condicionar a sua autonomia estratégica.
O partido explica que o seu objectivo é agregar “todos os liberais” e considera insuficiente “divulgar o liberalismo dentro de outros partidos”. “Optamos por ir mais longe, por aceitar o desafio de construir um caminho único”, lê-se no email assinado pelo coordenador do núcleo de Lisboa, Carlos Figueira. Para a IL, esta é uma candidatura que reflecte “todo o trabalho que, de forma consistente e responsável” que tem sido desenvolvido pelo partido.