Quem não segue polémicas relativas a símbolos coloniais, decerto estranhou o recente anúncio nos jornais das mortes da Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos e Padrão de Descobrimentos. Já não se trata de leviana ironia para encher páginas. Afirma-se hoje que os monumentos têm a cabeça a prémio, ignorando quando e como se dará o golpe. O caso passaria desapercebido se os comentadores não tivessem soado o alarme, numa contagem decrescente desde que a contestação à simbologia imperial no espaço público tomou novo fôlego na última década. Seria interessante lembrar como tudo isto ocorreu no meio da maior campanha de erradicação de marcas públicas de que existe registo, a retirada de milhares de estátuas a Lenine por decreto oficial ou gesto espontâneo, sem que uma coluna de opinião invocasse liberdade de expressão, apagamento da história e revisionismo ideológico, nem brandisse o anacronismo, radicalismo e dogmatismo que, na escala menor da questão colonial, são os termos obrigatórios do (ou contra o) debate.
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Quem não segue polémicas relativas a símbolos coloniais, decerto estranhou o recente anúncio nos jornais das mortes da Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos e Padrão de Descobrimentos. Já não se trata de leviana ironia para encher páginas. Afirma-se hoje que os monumentos têm a cabeça a prémio, ignorando quando e como se dará o golpe. O caso passaria desapercebido se os comentadores não tivessem soado o alarme, numa contagem decrescente desde que a contestação à simbologia imperial no espaço público tomou novo fôlego na última década. Seria interessante lembrar como tudo isto ocorreu no meio da maior campanha de erradicação de marcas públicas de que existe registo, a retirada de milhares de estátuas a Lenine por decreto oficial ou gesto espontâneo, sem que uma coluna de opinião invocasse liberdade de expressão, apagamento da história e revisionismo ideológico, nem brandisse o anacronismo, radicalismo e dogmatismo que, na escala menor da questão colonial, são os termos obrigatórios do (ou contra o) debate.