Com uma enorme repercussão pública, têm-se sucedido em França os escândalos sexuais envolvendo gente de prestígio e das elites intelectuais. O país que no século XVIII inventou a ideia de liberdade do prazer sexual (a ideia, diga-se, mais do que em prazer em si: a libertinagem foi sobretudo un plaisir de tête) mergulha agora nas sombras vindas de um passado recente, com efeitos traumáticos mais profundos do que noutros países porque cada um dos “casos” projecta-se num complexo ideológico colectivo que envolve a história cultural e política da França entre o Maio de 68 e os anos 80. Embora com algumas resistências iniciais (veja-se, por exemplo, as manifestações públicas de alguns sectores da alta classe intelectual e até feminista ao movimento #MeToo), a França acabou por se converter a uma grande viragem que faz recair sobre muitas figuras importantes (muitas delas já não fazem parte do mundo dos vivos) o opróbrio público de terem praticado, defendido ou caucionado o que é hoje objecto da reprovação mais radical ou mesmo da perseguição que traz à memória a caça às bruxas e aos judeus.
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Com uma enorme repercussão pública, têm-se sucedido em França os escândalos sexuais envolvendo gente de prestígio e das elites intelectuais. O país que no século XVIII inventou a ideia de liberdade do prazer sexual (a ideia, diga-se, mais do que em prazer em si: a libertinagem foi sobretudo un plaisir de tête) mergulha agora nas sombras vindas de um passado recente, com efeitos traumáticos mais profundos do que noutros países porque cada um dos “casos” projecta-se num complexo ideológico colectivo que envolve a história cultural e política da França entre o Maio de 68 e os anos 80. Embora com algumas resistências iniciais (veja-se, por exemplo, as manifestações públicas de alguns sectores da alta classe intelectual e até feminista ao movimento #MeToo), a França acabou por se converter a uma grande viragem que faz recair sobre muitas figuras importantes (muitas delas já não fazem parte do mundo dos vivos) o opróbrio público de terem praticado, defendido ou caucionado o que é hoje objecto da reprovação mais radical ou mesmo da perseguição que traz à memória a caça às bruxas e aos judeus.