Cientistas portugueses desenvolvem interface que controla cadeira de rodas pelo cérebro

A viabilidade do sistema foi validada em experiências em seis pessoas com deficiências motoras graves e sete pessoas sem deficiência.

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Investigadores da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Tomar desenvolveram um sistema de interface cérebro computador que garante “praticamente 100% de fiabilidade e precisão no controlo de cadeiras de rodas através do cérebro”.

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Investigadores da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Tomar desenvolveram um sistema de interface cérebro computador que garante “praticamente 100% de fiabilidade e precisão no controlo de cadeiras de rodas através do cérebro”.

“Pela primeira vez, uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) desenvolveu um sistema de interface cérebro-computador que garante praticamente 100% de fiabilidade e precisão no controlo de cadeiras de rodas através do cérebro, sem exigir grande esforço mental ao utilizador”, refere a UC em comunicado enviado esta quinta-feira.

As cadeiras de rodas guiadas pelo cérebro apresentam-se como “uma solução promissora para pessoas com deficiências motoras graves, que não podem usar interfaces convencionais”, refere-se ainda no comunicado.

O sistema proposto pela equipa do ISR e do IPT, cujos resultados estão publicados na revista IEEE Transactions on Human-Machine Systems, “assenta numa nova abordagem que combina três componentes: ritmo personalizado, comandos de tempo ajustado e controlo colaborativo”.

Gabriel Pires, investigador principal do projecto, citado na nota, esclarece que “no mesmo sistema é possível a ICC detectar automaticamente quando o utilizador pretende ou não enviar um comando, permitindo que este não tenha de estar permanentemente focado, mas sim apenas quando pretende enviar um comando, ao seu ritmo”.

“O tempo para detecção da intenção do utilizador é também ajustado automaticamente para permitir um desempenho constante, sendo por exemplo menos susceptível a desatenções ou fadiga; e, ainda, um controlo colaborativo entre o utilizador e a máquina”, explica.

Segundo o investigador, o controlo colaborativo significa que a cadeira de rodas “tem um sistema de navegação que, por um lado, realiza as manobras finas de navegação, aliviando o utilizador desse esforço, e, por outro lado, corrige/interpreta possíveis comandos errados enviados pela ICC”.

A viabilidade do sistema foi validada em experiências realizadas com seis pessoas com deficiências motoras graves, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), e sete pessoas sem deficiência (grupo de controlo). As experiências provaram um nível de precisão e fiabilidade sem precedentes, superior a 99%”, destaca o investigador do ISR e docente no IPT. “Na verdade, em alguns conjuntos de experiências obtivemos 100% de precisão com o grupo de controlo e 99.6% com o grupo de pessoas com deficiência motora”, afirma Gabriel Pires.

O responsável reconhece que os resultados mostram, pela primeira vez, que é possível “conceber sistemas controlados por ICC com elevado desempenho e fiabilidade e controlados de forma natural (sem elevado esforço mental do utilizador e ao seu ritmo) por pessoas com forte limitação motora”.

Para além de Gabriel Pires, a equipa de investigadores é constituída por Aniana Cruz, Ana Lopes, Carlos Carona e Urbano J. Nunes. A interface cérebro-computador foi desenvolvida no âmbito do projecto de investigação e desenvolvimento “B-RELIABLE: Métodos para melhoria da fiabilidade e a interacção em sistemas de interface cérebro-máquina através da integração da detecção automática de erros”, co-financiado por fundos europeus e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).