Presas dois meses em alto mar, mais de 850 vacas poderão ser abatidas em Espanha

Após terem sido recusadas na Turquia devido a suspeitas da doença da língua azul, a manada andou à deriva durante dois meses, sem acesso a comida. Um relatório espanhol afirma que a única solução é o seu abate.

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Mais de 850 vacas, que passaram meses a bordo de um barco pelo Mediterrâneo, estão, agora, inaptas para transporte e devem ser abatidas, de acordo com um relatório confidencial de veterinários pertencentes ao Governo espanhol, acedido pela Reuters.

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Mais de 850 vacas, que passaram meses a bordo de um barco pelo Mediterrâneo, estão, agora, inaptas para transporte e devem ser abatidas, de acordo com um relatório confidencial de veterinários pertencentes ao Governo espanhol, acedido pela Reuters.

Segundo um activista pelos direitos dos animais, as vacas eram mantidas em condições “infernais” no barco Karim Allah, que desembarcou em Cartagena, um porto no sudeste de Espanha, na quinta-feira, depois de dois meses a tentar encontrar um vendedor para a manada.

Os animais foram rejeitados por diversos países, com medo de que os bovinos tivessem a doença da língua azul. O vírus, transmitido por insectos, compromete a capacidade de locomoção e causa hemorragias entre o gado, mas não afecta humanos.

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O relatório dos veterinários conclui que as vacas sofreram com a viagem morosa e que algumas delas estavam doentes e inaptas a serem transportadas para fora da União Europeia, nem deveriam ser autorizadas a entrar na UE. A eutanásia seria a melhor solução para a sua saúde e bem-estar, segundo o relatório, que não confirmou se a manada tinha ou não a doença da língua azul.

“Nem sequer é mencionada, o que é deveras surpreendente”, afirma Miquel Masramon, um advogado que representa a companhia proprietária do Karim Allah, a Talia Shipping Line. O barco está registado no Líbano, de acordo com a VesselFinder, uma aplicação de rastreamento de embarcações.

“A minha impressão é que eles vão prosseguir, definitivamente, com o massacre e a destruição dos animais, o que será muito difícil de evitar”, explica. O advogado disse ainda que iria pressionar as autoridades a disponibilizaram as amostras de sangue retiradas à manada, na quinta-feira, de forma a serem testadas para “provar se há ou não língua azul”.

O ministro da Agricultura não respondeu imediatamente a um pedido de declarações sobre o assunto. Luís Planas afirmou, na sexta-feira, que tomaria as decisão necessárias após analisar a informação resultante da inspecção.

A embarcação saiu, originalmente, de Cartagena para entregar a manada na Turquia, mas as autoridades do país bloquearam o navio e suspenderam a importação de animais vivos de Espanha, com medo do vírus da língua azul. Essa rejeição transformou o barco num pária internacional. Vários países recusaram o seu atraque, mesmo para reabastecimento de comida animal, o que forçou a manada a enfrentar vários dias só com água.

É provável que as vacas tenham, agora, diversos problemas de saúde, após a travessia “infernal”, avisou Silvia Barquero, uma activista de direitos animais da organização não-governamental Igualdad Animal. “O que aconteceu a todos os resíduos produzidos por estes animais por dois meses?”, pergunta. “Temos a certeza de que eles estão em condições sanitárias inaceitáveis.”

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Os especialistas do Ministério da Agricultura espanhol contabilizaram 864 animais vivos a bordo, onde ainda se encontram dois cadáveres das 22 vacas que morreram durante a travessia. Os restos mortais das outras vacas foram cortados aos bocados e atirados ao mar, indica o relatório.

O dono da manada ainda está por identificar. O exportador (a World Trade) afirma não ser responsável, pois apenas vendeu os animais, de acordo com Masramom. A Reuters tentou contactar a World Trade, mas sem sucesso.

Uma segunda embarcação, o ElBeik, também partiu de Espanha em Dezembro com uma carga de quase 1800 vacas. De momento, está ancorada no porto de Famagusta, no Chipre.