Apoios a fundo perdido da Câmara de Lisboa são insuficientes mas bem-vindos
As candidaturas à nova fase do Lisboa Protege iniciaram-se esta segunda-feira. A inciativa pretende distribuir apoios a fundo perdido a empresários e comerciantes do concelho, no valor de 20 milhões de euros.
Os empresários de Campo de Ourique, em Lisboa, dizem que os apoios a fundo perdido da autarquia são insuficientes para fazer face a todas as dificuldades causadas pela pandemia de covid-19, mas sublinham que “toda a ajuda é bem-vinda”.
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Os empresários de Campo de Ourique, em Lisboa, dizem que os apoios a fundo perdido da autarquia são insuficientes para fazer face a todas as dificuldades causadas pela pandemia de covid-19, mas sublinham que “toda a ajuda é bem-vinda”.
“É uma ajudinha muito boa. Se vier é uma ajuda boa. Agora vamos ver se ela vem, não é?”, afirmou Manuel Lage, proprietário de uma pastelaria em Campo de Ourique, em declarações aos jornalistas durante uma visita do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), a um conjunto de estabelecimentos daquela freguesia.
O empresário contou que não despediu nenhum funcionário. Continua, assim, com os 19 que tinha antes de a pandemia de covid-19 ter chegado e ameaçado o tecido económico da cidade.
Para Manuel Lage o apoio a fundo perdido da autarquia “alivia bastante”, mas “qualquer ajuda que venha é sempre bem-vinda”.
Com quebras de facturação de cerca de 40% em relação ao período antes da pandemia, Manuel Lage disse que tem a pastelaria há 33 anos e garantiu que nunca passou por “um período tão difícil como este”.
“A gente vai para casa e mal consegue dormir. É um dia de cada vez. A gente não sabe o que vem amanhã, o que vem depois. Nós estamos sempre com receio que as coisas piorem. Temos de ir levando um dia de cada vez, a ver se isto melhora”, salientou.
À porta de um dos restaurantes que tem na cidade, o “chef” Vítor Sobral lamentou não ter recebido ainda a ajuda do Programa Apoiar, prometida em Dezembro, e confessou que não pagou os salários de Fevereiro aos funcionários, uma vez que ainda não recebeu o “lay-off” desse mês.
Quanto aos apoios da Câmara Municipal de Lisboa, garantiu que “não são suficientes”, mas “são extremamente importantes”.
O “chef” contava, antes da pandemia, com uma equipa de 118 funcionários. Hoje, são 82 porque não conseguiu renovar os contratos que foram terminando.
Vítor Sobral adiantou ainda que tem um “grande projecto” para lançar no verão que, a ser possível abrir, poderá “dobrar os postos de trabalho”.
“A grande questão é: “eu consigo chegar ao Verão?” Essa é a grande questão. Não sei. Vai depender de muitos factores”, concluiu.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa admitiu que o apoio “não é suficiente para tudo aquilo que é preciso”.
“Não é, mas é aquilo que nós podemos fazer e, muitas vezes, faz a diferença receber o apoio a fundo perdido, recebê-lo a tempo e horas, proteger o emprego, protegendo as actividades”, ressalvou.
Fernando Medina recordou que abriram esta segunda-feira as candidaturas à nova fase do Lisboa Protege, que concederá apoios a fundo perdido a empresários e comerciantes que não estavam incluídos numa primeira fase do apoio, designadamente empresários em nome individual com contabilidade simplificada e empresários com facturação entre 500 mil euros e um milhão de euros.
Também actividades empresariais como panificação, pequenas oficinas de reparação, actividades criativas, desportivas e de lazer ou Lojas com História, passam a poder candidatar-se ao apoio.
Em jeito de balanço, o autarca referiu ainda que, no âmbito da primeira fase do Lisboa Protege, a autarquia apoiou, até ao momento, “2.700 empresas, fundamentalmente da restauração e do comércio, no valor de apoios que já ultrapassou um total de 16 milhões de euros”.
“Nós precisamos de salvar o músculo económico, social, anímico desta cidade, [...] para termos esse músculo quando tivermos a recuperação e a abertura do país”, acrescentou.
Questionado sobre a recandidatura à Câmara de Lisboa, Fernando Medina afirmou que “ainda falta muito para essa conversa”, acrescentando que “depois, naturalmente quem manda são os lisboetas, que são soberanos”.