Laboratórios Associados: a montanha pariu um rato

Existe uma crescente preocupação pelos custos de oportunidade associados à preparação de candidaturas a financiamento quando as taxas de aprovação são excessivamente baixas, como tem acontecido nas candidaturas a projetos de investigação e/ou emprego científico, ou quando as taxas de financiamento são insuficientes para viabilizar os programas propostos, como aconteceu agora com os Laboratórios Associados.

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LUSA/TONY DA SILVA

Se algo nos ensinou a pandemia, é que não há futuro sem ciência. Não se trata de um mero exercício de retórica. O capital científico, aquele que deriva do avolumar de conhecimento e equipamento científico, permitiu que se encontrassem soluções farmacêuticas para a COVID-19 numa velocidade sem precedentes. Sem esse capital científico, sobriamente acumulado durante anos de discreta investigação, restar-nos-ia esperar pela imunidade de grupo por via natural. Um caminho sombrio na ótica da saúde pública, da saúde económica, da saúde social e da saúde das instituições democráticas.

No entanto, a pandemia não é o maior dos nossos problemas. Os grandes desafios do século são de natureza ambiental. Trata-se de gerir um clima em derrapagem, gerir ecossistemas em colapso, assegurar o progresso social em harmonia com o planeta que nos sustenta. Não é pequena a tarefa que recai sobre os ombros da nossa geração e a solução, a existir, dependerá fortemente de mais e melhor conhecimento.

Foi, pois, com expectativa que li o artigo do Público de dia 26 de Fevereiro, assinado pela Teresa Firmino, onde se dava conta das declarações do Ministro da Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor, sobre o financiamento para 40 Laboratórios Associados, entre 45 candidaturas apresentadas. Refere o ministro, no referido artigo, que o financiamento envolve 77 milhões de euros para 5 anos. Na realidade, são 24 milhões de euros pois as restantes verbas já se encontravam atribuídas aos centros de investigação em virtude de processos avaliação anteriores e, na maior parte dos casos, são verbas já executadas ou comprometidas.

O que a notícia do Público não diz é que as verbas aprovadas correspondem a uma percentagem simbólica dos orçamentos submetidos a avaliação. Por exemplo, no Instituto de Alterações Globais e Sustentabilidade, CHANGE, o orçamento aprovado corresponde a 10% do orçamento apresentado. Dado que a avaliação destes laboratórios implicou a análise de um programa científico e de transferência, detalhadamente exposto, envolvendo um orçamento primordialmente dedicado à criação e consolidação de emprego científico, cujo montante é indexado ao número de investigadores que apoiam a candidatura, é pertinente perguntar, que parte dos 10% de compromisso assumido pelos investigadores pretende o sr. ministro Manuel Heitor que se execute?

 

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Se algo nos ensinou a pandemia, é que não há futuro sem ciência. Não se trata de um mero exercício de retórica. O capital científico, aquele que deriva do avolumar de conhecimento e equipamento científico, permitiu que se encontrassem soluções farmacêuticas para a COVID-19 numa velocidade sem precedentes. Sem esse capital científico, sobriamente acumulado durante anos de discreta investigação, restar-nos-ia esperar pela imunidade de grupo por via natural. Um caminho sombrio na ótica da saúde pública, da saúde económica, da saúde social e da saúde das instituições democráticas.

No entanto, a pandemia não é o maior dos nossos problemas. Os grandes desafios do século são de natureza ambiental. Trata-se de gerir um clima em derrapagem, gerir ecossistemas em colapso, assegurar o progresso social em harmonia com o planeta que nos sustenta. Não é pequena a tarefa que recai sobre os ombros da nossa geração e a solução, a existir, dependerá fortemente de mais e melhor conhecimento.

Foi, pois, com expectativa que li o artigo do Público de dia 26 de Fevereiro, assinado pela Teresa Firmino, onde se dava conta das declarações do Ministro da Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor, sobre o financiamento para 40 Laboratórios Associados, entre 45 candidaturas apresentadas. Refere o ministro, no referido artigo, que o financiamento envolve 77 milhões de euros para 5 anos. Na realidade, são 24 milhões de euros pois as restantes verbas já se encontravam atribuídas aos centros de investigação em virtude de processos avaliação anteriores e, na maior parte dos casos, são verbas já executadas ou comprometidas.

O que a notícia do Público não diz é que as verbas aprovadas correspondem a uma percentagem simbólica dos orçamentos submetidos a avaliação. Por exemplo, no Instituto de Alterações Globais e Sustentabilidade, CHANGE, o orçamento aprovado corresponde a 10% do orçamento apresentado. Dado que a avaliação destes laboratórios implicou a análise de um programa científico e de transferência, detalhadamente exposto, envolvendo um orçamento primordialmente dedicado à criação e consolidação de emprego científico, cujo montante é indexado ao número de investigadores que apoiam a candidatura, é pertinente perguntar, que parte dos 10% de compromisso assumido pelos investigadores pretende o sr. ministro Manuel Heitor que se execute?