PSD queixa-se de não ser ouvido sobre plano alternativo ao PRR
Presidente do conselho estratégico nacional assume que Plano de Recuperação e Resiliência é uma “lista de gastos públicos”
O presidente do conselho estratégico nacional (CEN) do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, queixou-se de o Governo não ouvir o partido sobre as propostas de recuperação económica do país apresentadas há seis meses e que considera serem uma alternativa virada para as empresas em contraste com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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O presidente do conselho estratégico nacional (CEN) do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, queixou-se de o Governo não ouvir o partido sobre as propostas de recuperação económica do país apresentadas há seis meses e que considera serem uma alternativa virada para as empresas em contraste com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Quase seis meses depois [da apresentação do programa estratégico e dos fundos europeus] nunca houve do lado do Governo iniciativa para conversar connosco para discutir as nossas ideias”, disse Joaquim Miranda Sarmento, em conferência de imprensa, esta sexta-feira de manhã, na sede do partido, acrescentando que o executivo não teve a “preocupação de ouvir o PSD” numa altura em que está a lançar o seu programa de recuperação do país, o PRR.
“Se o Governo não aproveitar algumas das propostas é o país que perde. O nosso programa está mais bem estruturado e deve ser o caminho por oposição ao dos últimos 25 anos em que estivemos estagnados”, defendeu.
O presidente do CEN considerou que o PRR “quase só aposta no Estado, no investimento público, tem uma lista de gastos públicos que não foram feitos nos últimos 10, 15 anos por restrições e que o Governo agora considera serem prioritários”. Pelo contrário, defendeu, o programa proposto pelo PSD é centrado nas empresas. O economista apontou “duas diferenças essenciais” entre o PRR e o programa do PSD, considerando que este último “tem uma visão para o país — ultrapassar os estrangulamentos da economia — e medidas concretas”. “Nós propomos mil milhões de euros para sectores afectados pela crise da pandemia como o turismo, o têxtil. [no PRR] Não há um euro para estes sectores”, afirmou.
O coordenador do CEN para a área da economia, Rui Vinhas da Silva, também presente na conferência de imprensa, acrescentou que “no programa do Governo há um desvio de fundos que não constitui investimento reprodutivo”.
Questionado sobre o dado indicado pelo primeiro-ministro, num vídeo divulgado na passada terça-feira, de que o PRR dispõe de quatro mil milhões de euros para as empresas, Joaquim Miranda Sarmento disse não ter verificado o número mas disse que a confirmar-se é “pequeno”. “Mais do que isso, é a falta de uma visão estratégica para resolver os principais problemas da economia”, acrescentou.
Depois de as linhas gerais do programa do PSD terem sido reapresentadas esta manhã, Joaquim Miranda Sarmento admitiu vir a propor alterações tendo em conta a evolução da crise sanitária e económica dos últimos meses. O programa estratégico do PSD defendia uma reorganização do Ministério da Economia e a criação uma entidade própria na dependência do primeiro-ministro para coordenar os fundos europeus e o programa de recuperação.
Questionado sobre o desempenho do ministro da Economia e do Planeamento, ambos com responsabilidades na recuperação económica e gestão dos fundos europeus, o presidente do CEN desvalorizou a questão pessoal dos governantes. “Mais importante do que as pessoas é que a linha de orientação do Governo não é aquela que o país precisa”, disse, apontando, no entanto, “incapacidade” ao titular da Economia por não conseguir colocar a funcionar o banco de fomento tal como o executivo já tinha incumprido a promessa “há cinco anos”.
O programa estratégico e de fundos europeus do PSD vai ser tema de nove webinar, entre 9 e 16 de Março, como forma de voltar a colocar à discussão as suas propostas.