Ser pai de um adolescente em plena pandemia
A família pode ter um papel importante no apoio aos jovens ajudando-os a lidar de forma menos dolorosa com o isolamento social e com as emoções associadas.
A covid-19 chegou a Portugal há cerca de um ano e trouxe várias mudanças nas rotinas, nas actividades escolares, nos estilos de vida, nas relações com familiares e amigos e nos cuidados de saúde dos adolescentes. Enquanto as crianças mais novas mostram-se mais entusiasmadas com a presença e atenção dos pais 24 horas por dia, os adolescentes tendem a ter outra perspectiva, sentindo-se isolados dos amigos e da família alargada e frustrados com a perda das suas actividades regulares. O impacto destas alterações nas suas vidas reflectiu-se em áreas essenciais como o sono, a alimentação e o seu estado de humor causando tristeza, oscilações no humor, preocupação e irritabilidade mais acentuada comparativamente ao que acontecia anteriormente.
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A covid-19 chegou a Portugal há cerca de um ano e trouxe várias mudanças nas rotinas, nas actividades escolares, nos estilos de vida, nas relações com familiares e amigos e nos cuidados de saúde dos adolescentes. Enquanto as crianças mais novas mostram-se mais entusiasmadas com a presença e atenção dos pais 24 horas por dia, os adolescentes tendem a ter outra perspectiva, sentindo-se isolados dos amigos e da família alargada e frustrados com a perda das suas actividades regulares. O impacto destas alterações nas suas vidas reflectiu-se em áreas essenciais como o sono, a alimentação e o seu estado de humor causando tristeza, oscilações no humor, preocupação e irritabilidade mais acentuada comparativamente ao que acontecia anteriormente.
A família pode ter um papel importante no apoio a estes jovens, ajudando-os a lidar de forma menos dolorosa com o isolamento social e com as emoções associadas.
Ser empático com os sentimentos do adolescente
É importante manter uma relação próxima com conversas regulares reconhecendo como deve ser frustrante para eles se separarem dos amigos e das suas actividades habituais. Seja um bom ouvinte e valide os sentimentos do seu filho, ajude-o a encontrar formas de os expressar e de tornar esta situação mais fácil, como por exemplo, escrevendo ou identificando uma música que reflicta aquilo que sente.
Falar sobre a importância do distanciamento social
O isolamento em relação aos amigos pode ser o maior desafio para o adolescente e isso pode dificultar a sua adesão ao distanciamento social. Os adolescentes tendem a sentirem-se invencíveis, convencendo-se que o coronavírus não é tão problemático para sua faixa etária quanto para as pessoas mais velhas.
Ajude o adolescente a compreender que a covid-19 afecta pessoas de diferentes faixas etárias e que contrair o vírus pode ser muito perigoso tanto para ele como para o resto da família.
Salientar as características positivas do seu filho
Procure apoiar o jovem salientando os seus pontos fortes e como pode usá-los para adaptar-se melhor e até ajudar quem precisa. Isto fortalece a sua autoconfiança e a capacidade de enfrentar os desafios da vida. Um adolescente que conheço tem-se dedicado a fazer vídeos para ensinar as crianças e jovens a lidar com a covid-19 e isto fá-lo sentir-se útil e admirado pelos seus colegas.
Mostrar compreensão pela frustração do seu filho por não poder estar com os amigos
Os amigos são extremamente importantes para os adolescentes e nesta fase de desenvolvimento, de facto eles deveriam estar a estabelecer laços com os seus colegas. Flexibilizar as regras sobre o tempo gasto nas redes sociais, por exemplo, ajudará a compensar o tempo de socialização perdido com o fechamento das escolas. Ajude o seu filho a ser criativos sobre novas formas de interagir com seus amigos socialmente.
Dar apoio nas aulas à distância aos jovens que precisarem
Os adolescentes gostam da sua independência e os mais velhos podem ter mais facilidade em acompanhar as aulas remotas. Porém, os mais novos e especialmente aqueles com problemas de aprendizagem, hiperactividade com défice de atenção ou dificuldades de organização, esta forma de ter aulas pode ser um grande desafio e os pais podem ajudar, sem ser necessário um tipo de apoio mais intenso, semelhante àquele dado aos mais novos.
Os pais podem criar com o jovem um horário realista para fazer as actividades escolares, incluindo intervalos para a socialização, os exercícios físicos e o divertimento.
Encontrar actividades para fazerem juntos
Considere ter uma actividade regular em família, como as refeições, ver um filme à noite ou fazer caminhadas. Envolva o seu filho na realização de uma lista de actividades que gostaria de fazer para lhe dar um sentido de controlo e ao mesmo tempo aproximá-lo da família.
Mostrar-se confiante em relação à capacidade do seu filho de lidar com a situação
Lembre-se de que estamos a viver um momento particular e que é preciso relativizar algumas coisas. Provavelmente a aprendizagem do seu filho não será tão eficaz quanto na escola, mas pode tornar-se melhor com o tempo.
Os adolescentes passam por altos e baixos emocionais e é natural quererem estar mais tempo sozinhos. Isto é esperado, mas não deve ser exagerado. Caso sinta o seu filho mais irritado e agressivo quando alguém tenta aproximar-se, está muito isolado, com dificuldades de sono, de alimentação ou perdeu o interesse em actividades que antes lhe davam prazer procure ajuda de um profissional de saúde.
Psicóloga com especialidade em Psicologia Clínica e de Saúde