A Madeira já abriu totalmente a turistas com certificado de vacinação
Medida abrange também quem chegar ao arquipélago com certificado atestando que já teve a doença e está recuperado. O objectivo é impulsionar o turismo, com quebras próximas dos 70%.
É uma medida que pretende incentivar o turismo, que, por estes dias, anda pela hora da morte. Quem chega à Madeira com um certificado de vacinação, tem agora entrada facilitada no arquipélago, através do “corredor verde” no aeroporto madeirense.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
É uma medida que pretende incentivar o turismo, que, por estes dias, anda pela hora da morte. Quem chega à Madeira com um certificado de vacinação, tem agora entrada facilitada no arquipélago, através do “corredor verde” no aeroporto madeirense.
Desde que foram implementadas no Funchal medidas de combate à pandemia, e um controlo apertado a quem chega, que esta via simplificada era destinada exclusivamente a quem aterrava na região autónoma com um teste negativo ao SARS-CoV-2, o vírus que provoca a doença covid-19, feito há menos de 72 horas. A medida passa, desde início de Janeiro, a ser alargada a quem tenha completado o ciclo de vacinação ou apresente um certificado válido (até 90 dias) que comprove que está recuperado da covid-19.
“A decisão representa um voto de confiança na nova fase que o mundo está a viver, para além de incentivar as visitas à ilha, e ser um estímulo à actividade económica”, enquadra a Associação de Promoção da Madeira (AP-Madeira), que é responsável pela comunicação do destino com os mercados externos.
Este documento, passaporte ou certificado, tem de ser validado pelo respectivo país de origem, e além das informações pessoais do portador (nome, data de nascimento, número identificativo de saúde), tem de constar o tipo de vacina, a data das tomas e o período de imunização indicado pela bula do medicamento.
Em relação aos recuperados da covid-19, o procedimento é semelhante. Para serem inseridos no ‘corredor verde’ têm de ter apresentado um documento válido por 90 dias e certificado pelas autoridades de saúde do país de origem, que comprove que tiveram a doença e estão recuperados.
“Se o documento apresentado indicar que o turista recuperou há mais de 90 dias, o portador fica sujeito às condições normais. Tem de fazer novo teste, e permanecer em confinamento obrigatório enquanto aguarda o resultado”, adianta a AP-Madeira, destacando que os testes realizados no aeroporto e nas clínicas protocoladas no continente pelo governo madeirense continuam a ser gratuitos.
Este processo de certificação passa pela app ‘MadeiraSafe’, com que as autoridades regionais estão a acompanhar 3618 viajantes que se encontram no arquipélago. “O comprovativo de vacinação ou o comprovativo de recuperado devem ser submetidos na app antes da realização da viagem”, explica a mesma fonte, ressalvando que mesmo obedecendo a estes critérios (vacinação ou recuperação), todos os turistas estão a obrigados a respeitar as normas sanitárias em vigor na região autónoma: uso obrigatório de máscara, a partir dos 6 anos; distanciamento social; higienização frequente das mãos e cumprimento do recolher obrigatório (entre as 19 e as 5 horas, durante a semana, e entre as 18 e as 5 horas, ao fim-de-semana).
“Estas novas medidas de acesso ao ‘corredor verde’ são uma realidade possível de existir devido à entrada do mundo num novo ciclo de esperança, providenciada pelas vacinas aprovadas”, avança a AP-Madeira, dizendo que a decisão reflecte não só “um voto de confiança” como um estímulo à economia regional, cujo principal motor é precisamente o turismo.
Esta semana, durante a apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência para a Madeira, o vice-presidente do executivo madeirense quantificou em 68,1% a quebra nos proveitos globais do sector, em consequência de uma descida de 64,2% no número de hóspedes, e de 66,1% nas dormidas.
Os últimos dados da covid-19 na Madeira, divulgados esta quinta-feira, contabilizam 7086 casos desde o início da pandemia, que resultaram em 64 óbitos. Existem 1350 casos activos, 44 pessoas hospitalizadas, cinco das quais nos cuidados intensivos.
Decisão não é inédita
Esta decisão da Madeira, não sendo inédita - pois já foi adoptada por outros países e regiões -, surge numa altura em que a União Europeia debate a emissão de certificados que atestem a vacinação contra a covid-19.
Países como a Grécia ou Espanha vêem neste documento um caminho essencial para a retoma do turismo, enquanto Alemanha e França mostram muitas reticências, argumentando que a implementação do certificado tornaria, na prática, a vacinação obrigatória. Em resultado, quem não pudesse ou quisesse ser vacinado poderia ser alvo de discriminação.
A posição do Governo português sobre esta matéria não está fechada: o Ministério da Economia e Transição Digital considerou, na semana passada, prematura esta discussão, pois a vacinação ainda não foi generalizada, estando focada nos grupos prioritários.
A Dinamarca foi o primeiro país a adoptar um “passaporte de vacinação”, que certifica que a pessoa foi imunizada contra a covid-19. O documento foi implementado a 3 de Fevereiro e o país tem esperança que tenha impacto positivo no turismo já neste Verão.