PÚBLICO e Porto Business School abrem hoje curso sobre “oportunidades” e “desafios” para 2021
Segundo curso da iniciativa Academia Público arranca hoje, com a primeira de oito sessões dedicadas ao contexto macro-económico da actual situação global, em consequência da pandemia.
Olhando para o actual cenário de pandemia gerado pela covid-19, com a natural apreensão a nível mundial acerca do futuro de curto e de médio prazo, façamos, antes, o exercício ao contrário: que perspectivas para a recuperação económica e social vão surgir? Como continuar a investigar e a trabalhar no sentido de um planeta mais sustentável e mais justo socialmente? E que papel desempenham aqui as novas tecnologias e formas de comunicar? São estas e outras respostas que serão dadas a partir desta quinta-feira no curso “2021, Oportunidades e Desafios e Prioridades”, uma iniciativa da Academia Público, em parceria científica com a Porto Business School (PBS) – escola que integra o top 100 do ranking do jornal britânico Financial Times.
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Olhando para o actual cenário de pandemia gerado pela covid-19, com a natural apreensão a nível mundial acerca do futuro de curto e de médio prazo, façamos, antes, o exercício ao contrário: que perspectivas para a recuperação económica e social vão surgir? Como continuar a investigar e a trabalhar no sentido de um planeta mais sustentável e mais justo socialmente? E que papel desempenham aqui as novas tecnologias e formas de comunicar? São estas e outras respostas que serão dadas a partir desta quinta-feira no curso “2021, Oportunidades e Desafios e Prioridades”, uma iniciativa da Academia Público, em parceria científica com a Porto Business School (PBS) – escola que integra o top 100 do ranking do jornal britânico Financial Times.
A formação é composta por oito aulas totalmente leccionadas em plataforma digital e tem como convidados académicos de relevo em diversas áreas, que abordarão temas fundamentais para o futuro como “Recuperação e Resiliência: Oportunidades e desafios económicos na Europa” (na abertura, com o economista Daniel Bessa), o desafio do crescimento sustentável, ou a edição genética e os dilemas ligados a esta área científica.
Num curso integralmente leccionado em plataforma online, serão antecipados os maiores desafios da Humanidade para os próximos anos em contexto macro-económico, face ao actual contexto de pandemia mundial, cujos efeitos continuarão bem visíveis em inúmeros sectores da economia e da sociedade. As oito aulas do curso ocorrerão todas as quintas-feiras, até 15 de Abril, entre as 18h00 e as 19h30.
“Evolução impressionante”
Mas o quadro de confinamento económico global não significa que o horizonte esteja carregado de nuvens negras. Daniel Bessa pretende inaugurar as aulas de “2021, Oportunidades e Desafios e Prioridades” com uma mensagem positiva. “A economia [portuguesa] resistiu muito melhor do que aquilo que eu estava à espera”, confessou ao PÚBLICO. “No primeiro confinamento, praticamente que pararam todos os sectores de actividade e as perspectivas eram de uma queda muito acentuada da economia. Mas isso não se verificou. A nossa resiliência surpreendeu-me.” Recuperação essa, sustentada “pela parte tecnológica, que veio para ficar”.
O economista e professor da PBS realça “a evolução impressionante na área industrial e até mesmo na área dos serviços, em que ficou demonstrado que muitas pessoas podem trabalhar à distância”. Porém, mostrou-se apreensivo pelo facto de a inelutável evolução tecnológica ameaçar deixar muitos para trás. “Esta crise evidenciou as desigualdades brutais em termos de capital humano, as suas capacidades e competências, e isso vai exigir um esforço de recuperação dessas pessoas”, analisou Daniel Bessa.
Outro dos temas incontornáveis é “O Desafio do Crescimento Inteligente e Sustentável”, a cargo de João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal (Business Council for Sustainable Development) e professor convidado da PBS. “Há dois desafios: a transformação digital e a transformação da sustentabilidade, aspectos que vão impactar a nossa cadeia de valores.” Se no caso do digital “já ninguém consegue viver sem ele”, no caso da sustentabilidade o processo “está agora a começar”. “Cada vez mais, as empresas querem ser melhores para o mundo e não as melhores do mundo”, diz, dando como exemplo a exigência cada vez maior dos consumidores em saberem de onde vem o produto, como foi feito, por quem foi feito.
As empresas, garante, “devem ser veículos de cidadania e sustentáveis ambientalmente”. Apontando o previsível esgotamento dos recursos naturais – “50 por cento do Produto Interno Bruto mundial integra componentes naturais” –, João Wengorovius Meneses mostra optimismo pelo facto de uma larga fatia da chamada “bazuca” de fundos europeus se destinar a áreas ligadas à sustentabilidade.
“Esclarecer e encantar”
Para Nuno Ferrand, professor titular no Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, o tema “A Edição Genética, os Dilemas Éticos e os Desafios da Humanidade” servirá para “descrever a importância da diversidade biológica no planeta, de modo a utilizá-la melhor, e que contributos pode trazer”. “Esta pandemia”, diz, “resulta do desconhecimento e dicotomia entre o ser humano e o mundo natural”. “Hoje, temos instrumentos que nos permitem ver que podíamos ter sido mais precavidos, criado uma rede de prevenção, pois já houve outros vírus.”
Quanto à edição genética, “pode melhorar sectores como o da agricultura, [ajudar] a ser mais amiga do ambiente. O objectivo deste módulo é esclarecer e encantar as pessoas acerca da necessidade de haver mais biodiversidade.”
Sector bem diferente é aquele a cargo de Ana Roncha, professora no London College of Fashion, da University of the Arts London e convidada na PBS – “Phygital e omnicanal: marcas ubíquas e experiências memoráveis”. A evolução da economia digital nos tempos mais recentes levam esta docente a garantir ser “impossível falar de uma economia de experiências sem referir as mudanças comportamentais”, motivadas pelas restrições da pandemia. Um, de entre muitos exemplos, surge como consequência de as lojas ligadas à moda estarem fechadas, pelo que “há muitas marcas a fazer live streaming com os seus produtos, de forma a manter o elemento humano, dentro do possível, para apresentarem os seus produtos”.
Ana Roncha refere, ainda, que a evolução do digital faz com haja marcas a produzir apenas aquilo que os consumidores encomendam, ao invés de produzirem em massa, evitando as sobras e poupando o ambiente. Neste sentido, refere uma marca de calçado desportivo que aproveita plástico recolhido nos oceanos para fabricar os seus produtos.
Os restantes módulos terão por tema “Mundo digital e estratégias emergentes”, “Avaliar o impacto cocial”, “O equilíbrio local/global na competitividade internacional” e “Internet of Behaviour: como os dados moldam comportamentos”.
Todas as informações acerca deste curso podem ser consultadas na página da edição digital do PÚBLICO. Recorde-se que a estreia da Academia Público foi uma parceria com o Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e a Fundação da Ciência e Tecnologia dedicada ao tema “Portugal: Uma Retrospectiva”, com base na colecção homónima de livros coordenada pelo historiador Rui Tavares.
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