Desde 1963 que todos os anos, em Fevereiro, se reúne em Munique a nata da nata da política internacional para debater o estado do mundo. Presidentes e primeiros-ministros, ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, diplomatas e militares, académicos e jornalistas. Toda uma gente que dá pelo nome de comunidade estratégica. É a Conferência de Segurança de Munique. Este ano, por causa da pandemia, os dois ou três dias de debate foram transformados num evento online com menos de três horas. Na mesmíssima sala de sempre, mas com as galerias vazias. Apenas o anfitrião, o embaixador Wolfgang Ischinger, uma pivot da televisão alemã, Natalie Amiri, e três enormes écrans onde, à vez, apareciam os líderes mundiais que não tinham palco mais de 15 minutos cada um. Eu tinha lá estado três vezes, em estatutos diferentes: uma como académico, duas como ministro da Defesa. Desta vez, pude estar sem estatuto nenhum. Sem as apertadas medidas de segurança, confortavelmente, sentado à frente do meu computador.
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Desde 1963 que todos os anos, em Fevereiro, se reúne em Munique a nata da nata da política internacional para debater o estado do mundo. Presidentes e primeiros-ministros, ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, diplomatas e militares, académicos e jornalistas. Toda uma gente que dá pelo nome de comunidade estratégica. É a Conferência de Segurança de Munique. Este ano, por causa da pandemia, os dois ou três dias de debate foram transformados num evento online com menos de três horas. Na mesmíssima sala de sempre, mas com as galerias vazias. Apenas o anfitrião, o embaixador Wolfgang Ischinger, uma pivot da televisão alemã, Natalie Amiri, e três enormes écrans onde, à vez, apareciam os líderes mundiais que não tinham palco mais de 15 minutos cada um. Eu tinha lá estado três vezes, em estatutos diferentes: uma como académico, duas como ministro da Defesa. Desta vez, pude estar sem estatuto nenhum. Sem as apertadas medidas de segurança, confortavelmente, sentado à frente do meu computador.