Venezuela expulsa a embaixadora da UE, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa
As autoridades venezuelanas deram à diplomata 72 horas para deixar o país. A decisão do Parlamento venezuelano de declarar a diplomata persona non grata é uma retaliação à decisão de Burxelas de sancionar 19 membros do Governo de Maduro.
O Governo venezuelano notificou esta quarta-feira a embaixadora da União Europeia em Caracas, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, de que foi declarada persona non grata, dando-lhe 72 horas para deixar a Venezuela.
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O Governo venezuelano notificou esta quarta-feira a embaixadora da União Europeia em Caracas, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, de que foi declarada persona non grata, dando-lhe 72 horas para deixar a Venezuela.
O Serviço de Acção Externa da União Europeia já lamentou “profundamente” a decisão, que “só contribui para um maior isolamento internacional da Venezuela”, e apelou à sua reversão.
Isabel Brilhante Pedrosa foi notificada directamente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, que comunicou à embaixadora a decisão tomada pelo próprio Presidente Nicolás Maduro, um dia depois da decisão ter sido tomada pela nova Assembleia Legislativa.
À televisão pública, o ministro referiu que “as circunstâncias” não deixaram “outra opção” ao executivo que a expulsão da mais alta representante da UE no país. “A República da Venezuela é irrevogavelmente livre e independente”, justificou Arreaza, citado pela Lusa.
A decisão é uma medida de retaliação face à decisão de Bruxelas de aplicar sanções a 19 membros do Governo venezuelano e foi aprovada por unanimidade no Parlamento na terça-feira. A decisão seguiu para Maduro que a fez encaminhar para a embaixadora.
Em jeito de desafio, Jorge Rodríguez, o presidente do Parlamento de maioria chavista, eleito em Dezembro passado, numas eleições boicotadas por grande parte da oposição e que não foram reconhecidas por muitos países, pediu ao alto representante da Política Externa da UE, Josep Borrell, para que as sanções não se ficassem apenas pelos 19 escolhidos, mas que se estendem a todos os membros da assembleia.
“Seria uma honra” que “nos sancionem a todos”, disse Rodríguez, citado pelo El País, que para o efeito enviou a lista de todos os deputados para que Bruxelas possa agir em conformidade com esse pedido.
Para Caracas, as sanções decididas pela UE são “erráticas” e um claro sinal do “fracasso dos planos intervencionistas” europeus. Bruxelas chegou a reconhecer Juan Guaidó como Presidente da Venezuela, assim como os Estados Unidos e outros países, mas, entretanto, passaram a considerá-lo apenas "um interlocutor privilegiado” de diálogo, depois de Guaidó ter deixado de ser presidente do parlamento.
Numa breve declaração, o porta-voz do chefe da diplomacia europeia garantiu que “a UE continua totalmente empenhada na negociação e no diálogo com a Venezuela”, que no entendimento dos 27 é “a única forma de ultrapassar a crise no país”. “Com esta decisão, o governo venezuelano põe esse processo em causa”, acrescentou.
Isabel Brilhante Pedrosa que exerce o cargo de embaixadora da UE em Caracas desde 2017 já sabe o que é ser considerada persona non grata na Venezuela, já que o Governo de Nicolás Maduro reagiu da mesma forma a 29 de Maio do ano passado, depois de sanções de Bruxelas a 11 membros do executivo venezuelano.
A expulsão acabaria suspensa depois de um acordo entre o Governo venezuelano e a UE.
Com mais estes 19 nomes, a lista de sancionados de Bruxelas conta agora com 55 pessoas que não podem viajar para o espaço da União Europeia e viram as suas contas congeladas nos bancos europeus.
Notícia actualizada às 19H07 com a reacção do Serviço de Acção Externa da União Europeia.