Covid-19: Hungria reforça uso da vacina russa e vai usar chinesa sem autorização da UE
A Hungria recebeu mais 100 mil doses da vacina russa Sputnik V contra a covid-19 e vai usar também a chinesa Sinopharm - produtos não autorizados pela União Europeia -, alegando querer duplicar, numa semana, o número de imunizados.
A Hungria já administrou a 457.096 pessoas (4,7% do seus 9,7 milhões de habitantes) pelo menos uma dose de vacina, provindas principalmente das farmacêuticas Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e Moderna, que têm distribuição permitida por Bruxelas, mas também com a russa Sputnik V.
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A Hungria já administrou a 457.096 pessoas (4,7% do seus 9,7 milhões de habitantes) pelo menos uma dose de vacina, provindas principalmente das farmacêuticas Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e Moderna, que têm distribuição permitida por Bruxelas, mas também com a russa Sputnik V.
Apelando às pessoas para que confiem nas vacinas aprovadas pelo país, as autoridades sanitárias informaram esta terça-feira que, a partir de quarta-feira, vão começar a vacinar com o medicamento chinês Sinopharm, do qual a Hungria encomendou cinco milhões de doses. Segundo o Governo húngaro, serão vacinadas 368 mil pessoas nos próximos dias, elevando o número total de cidadãos com pelo menos uma dose de vacina administrada para mais de 800.000 até domingo.
Cada médico de clínica geral do país receberá 55 doses da vacina Sinopharm, tendo sido instruídos a administrá-las aos seus pacientes mais velhos, disse o secretário de Estado Istvan Gyorgy. “Todas as vacinas disponíveis na Hungria são seguras e capazes de fornecer protecção contra a infecção do coronavírus”, afirmou Gyorgy.
De acordo com os últimos dados oficiais, as vacinas da Pfizer/BioNTech já imunizaram 387.000 pessoas na Hungria, as da AstraZeneca foram administradas a 84.000 cidadãos e as Sputnik V a 73.000, enquanto a da Moderna foi dada a 20.000 pessoas. A vacina Sinopharm vai ser dada, de acordo com os mesmos dados, a 275.000 húngaros.
A Hungria é o único membro da UE que adquiriu vacinas contra a covid-19 russa e chinesa, tendo justificado a sua decisão unilateral com os atrasos na distribuição de vacinas por parte das autoridades da Comunidade Europeia. No entanto, o Presidente checo, Milos Zeman, também já defendeu o recurso à vacina russa Sputnik V, e a Croácia está a negociar com a Rússia a compra desse medicamento.
Por seu lado, a Áustria criticou, na semana passada, o que considera serem “hesitações” da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) na autorização de vacinas contra a covid-19, lembrando que isso leva os Estados-membros a agir por conta própria. “Não podemos perder terreno internacionalmente. A União Europeia deve dar o exemplo rapidamente”, disse na sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco, Alexander Schallenberg, insistindo que é “incompreensível” que a vacina da Johnson & Johnson já esteja a ser usada no Reino Unido e não na UE.
A EMA recebeu no dia 17 um pedido oficial daquela empresa farmacêutica para obter licença para o uso da sua vacina contra a covid-19. No mesmo dia, a presidente da Comissão Europeia disse que ainda não tinha dado entrada na União Europeia qualquer pedido de autorização de comercialização da vacina Sputnik V.
A presidente do executivo comunitário acrescentou que, “se o fizerem, então terão de apresentar todo o conjunto de dados e sujeitar-se a todo o processo de escrutínio, como qualquer vacina”, havendo ainda outra questão a acutelar, a da verificação do processo de produção. “Uma vez que não estão a produzir [esta vacina] na Europa, obviamente seria necessário um processo de inspeções nos locais de produção. Porque, como agora bem sabemos, uma questão crucial é ter um processo de produção estável e de alta qualidade”, declarou.
Na semana anterior, a Agência Europeia de Medicamentos já indicara não ter recebido qualquer pedido para monitorização ou autorização da vacina russa contra a covid-19, tendo apenas dado “aconselhamento científico” ao fármaco.
A Hungria entrou na terceira vaga da pandemia e, apesar de os números absolutos não serem muito elevados, o crescimento de novos casos, internamentos e mortes indicam que o coronavírus está novamente em fase de expansão. A média diária de novas infecções nos últimos sete dias é de 2522 pessoas, enquanto a de óbitos chega a 88 pessoas.