Chega questiona Costa se mantém confiança política no deputado que pede destruição do Padrão dos Descobrimentos
Ascenso Simões escreveu um artigo de opinião no PÚBLICO em que defendeu que, além dos brasões florais da Praça do Império, também o monumento dos descobrimentos, na doca em frente, também deveria ser demolido.
O partido Chega enviou uma carta a António Costa enquanto secretário-geral do PS questionando-o se mantém a confiança política no deputado à Assembleia da República eleito pelo círculo de Vila Real depois de este ter defendido, num artigo de opinião no PÚBLICO, que o Padrão dos Descobrimentos, em Belém, já “devia ter sido destruído" e que no 25 de Abril de 1974 “devia ter havido sangue, devia ter havido mortos”.
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O partido Chega enviou uma carta a António Costa enquanto secretário-geral do PS questionando-o se mantém a confiança política no deputado à Assembleia da República eleito pelo círculo de Vila Real depois de este ter defendido, num artigo de opinião no PÚBLICO, que o Padrão dos Descobrimentos, em Belém, já “devia ter sido destruído" e que no 25 de Abril de 1974 “devia ter havido sangue, devia ter havido mortos”.
“Questiono-me como um militante e deputado do PS pode escrever tais aberrações sem que esse mesmo partido venha a público demarcar-se das mesmas. Terá o PS esquecido o seu papel na luta contra a ditadura?”, questiona o chefe de gabinete de André Ventura no Parlamento, Nuno Afonso, que assina a carta.
Num texto publicado na passada sexta-feira intitulado “O salazarismo não morreu", Ascenso Simões fala sobre quatro casos que, na sua perspectiva, representam “tempos de retorno ao salazarismo mental português”. Trata-se da polémica sobre a criação de um museu na terra natal do ditador, a defesa da ideia de Portugal deve intervir na situação de guerra que se vive em Cabo Delgado (Moçambique), a petição da Nova Portugalidade contra a remoção dos brasões florais da Praça do Império, e a discussão sobre a contribuição de Marcelino da Mata na guerra colonial.
Nuno Afonso, que é também segundo vice-presidente do Chega diz acreditar que os comentários de Ascenso Simões tenham “envergonhado” o PS e desafia o partido a vir “repudiar” a atitude do deputado, tendo em conta “o seu peso histórico na democracia portuguesa”. O dirigente do Chega considera que se trata de uma atitude “perigosa” do deputado avisando que “querer-se reescrever a história não é democrático; saber conviver com ele, sim, é”. E até admite que a próxima intenção de Ascenso Simões seja alterar o hino nacional uma vez que começa com a exaltação dos “heróis do mar” e para o deputado socialista os descobrimentos “são sinónimo única e exclusivamente de escravatura e jamais de progresso, de coragem, de abertura do mundo ao mundo”.
E deixa um desafio a António Costa: “Resta-me questionar o PS se manterá a confiança política num militante e deputado que mostra desprezo pela história de Portugal, pelos homens e mulheres que construíram a nação que hoje temos que, não sendo perfeita - nenhuma o é - é o resultado da nossa evolução enquanto povo.”