China defende os seus direitos humanos e reclama pela interferência em assuntos internos

Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês discursou no Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde o chefe da diplomacia britânica pediu acesso das Nações Unidas a Xinjiang para investigar os abusos contra os uigures.

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Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros chinês SHUBING WANG/Reuters

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou esta segunda-feira na ONU que os direitos humanos não podem ser usados como forma de “intrometer-se em assuntos internos” de outros países, nem ser uma arma de uso exclusivo para uns quantos países.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou esta segunda-feira na ONU que os direitos humanos não podem ser usados como forma de “intrometer-se em assuntos internos” de outros países, nem ser uma arma de uso exclusivo para uns quantos países.

Para Wang Yi, cada Governo deve adaptar os direitos humanos à sua tradição e a China conseguiu muito nessa matéria ao conseguir grandes feitos no domínio da erradicação da pobreza extrema, garantindo a subida de nível de vida de uma grande fatia da sua população, muito antes do objectivo estabelecido na Agenda 2030.

Num discurso difundido por vídeo no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, com sede em Genebra, Wang pediu para que “não se usem os direitos humanos como ferramenta” para a interferir em assuntos internos de outros Estados, nem como “monopólio de uns poucos países”.

O chefe da diplomacia chinesa deu como exemplo a repressão dos uigures, a minoria muçulmana da província de Xinjiang que as autoridades chinesas têm enviado para campos de reeducação denunciados por serem campos de trabalho forçados, onde mulheres têm sido vítimas de violência sexual e esterilizações forçadas.

“Nunca houve o que se tem chamado de genocídio ou trabalhos forçados ou opressão religiosa”, garantiu o ministro, apelidando-as de “acusações inflamatórias” de países como os Estados Unidos e o Reino Unido.

Mesmo que essas acusações sejam secundadas por organizações de defesa dos direitos humanos e denunciadas por sobreviventes desses campos de reeducação, onde os uigures são obrigados à força a desprender-se das suas tradições e a adoptar a cultura da maioria han do país.

Wang acrescentou que a política chinesa em Xinjiang segue as recomendações da ONU em relação ao combate contra a violência extremista e que é graças a essa política em relação aos uigures é que não houve quaisquer atentados na região nos últimos anos. Uma política que o Presidente chinês, Xi Jinping, já garantiu que se manterá por muitos anos.

Ao seu homólogo britânico, Dominic Raab – que pediu para que à ONU seja concedido acesso “urgente e livre” a Xinjiang para investigar as denúncias de abusos –​, Wang Yi lançou o convite para visitar a região.

Aproveitando ainda para contrapor àqueles que criticam a implementação da lei da segurança nacional em Hong Kong, cuja aplicação já valeu a prisão a grande parte dos líderes pró-democracia, que a mesma tem o apoio de 70% da população da região administrativa especial, apesar das manifestações e do alarido internacional.