Clima económico melhora na Alemanha apesar do confinamento

Confiança dos empresários subiu pela primeira vez desde o início do segundo confinamento, em Novembro, mas continua abaixo dos valores pré-pandemia.

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A Alemanha vive sob confinamento desde Novembro, mas está a debater um alívio de restrições a partir de Março Reuters/FABIAN BIMMER

O índice de confiança empresarial na Alemanha, calculado pelo instituto de investigação económica IFO, em Munique, atingiu em Fevereiro o valor mais elevado desde Novembro de 2020, quando o país entrou de novo em confinamento.

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O índice de confiança empresarial na Alemanha, calculado pelo instituto de investigação económica IFO, em Munique, atingiu em Fevereiro o valor mais elevado desde Novembro de 2020, quando o país entrou de novo em confinamento.

Os alemães têm vindo a debater um alívio gradual das restrições em vigor. A equipa de gestão de crise da pandemia tinha reunião agendada para esta segunda-feira, mas não haverá decisão definitiva antes de 3 de Março, segundo a imprensa alemã​.

Algumas escolas primárias de algumas regiões retomam hoje a actividade lectiva presencial e pequenos negócios como os cabeleireiros estão a dias da reabertura, a 1 de Março. Mesmo sem desconfinamento marcado, o clima empresarial na maior economia da Europa melhorou nos últimos 30 dias, graças sobretudo ao empurrão de confiança vindo da indústria transformadora.

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Hoje foi dia de regresso às aulas nas escolas primárias de algumas regiões alemãs Reuters

Segundo os dados divulgados nesta segunda-feira, o indicador de clima económico subiu para 92,4, atingindo o valor mais elevado em quatro meses, depois de em Janeiro se ter situado nos 90,3. O resultado supera a estimativa de analistas, que esperavam uma melhoria muito ligeira de apenas 0,2 pontos face a Janeiro, segundo indica a agência Reuters. Ainda assim, o resultado de Fevereiro de 2021 fica 3,3 pontos abaixo do registado em Janeiro de 2020, último mês antes de a pandemia se fazer sentir na Europa.

Para este resultado de agora, melhor do que o esperado, contribuíram melhorias em praticamente todos os sectores económicos, mas com especial relevância no da indústria transformadora, onde o índice de confiança IFO atingiu o valor mais alto desde 2018.

“O sentimento entre gestores na Alemanha melhorou de forma notável. A avaliação da actual situação das empresas foi mais positivo. Além disso, o pessimismo face aos próximos meses recuou de forma marcante”, comenta Clemens Fuest, presidente do IFO, numa apreciação geral.

No sector dos serviços, o indicador de clima económico também melhorou. A situação das empresas teve melhor avaliação do que em Janeiro e havia mais optimismo face aos próximos meses. Porém, pela primeira vez, há sinais de enormes cautelas da indústria do turismo face à próxima época de férias.

No sector do comércio, a confiança melhorou um pouco após a quebra em Janeiro. O pessimismo continua a reinar e a situação das empresas voltou a ter uma nota pior. As vendas caíram devido ao confinamento.

Por fim, na construção, as expectativas são mais optimistas, apesar de a situação das empresas ter obtido uma pontuação mais baixa. Isso ficou no entanto a dever-se a condições meteorológicas extremas, com muito frio, indica o IFO.

Segundo a edição online da revista Spiegel, Angela Merkel já terá dado sinais de que pretende aliviar restrições de forma gradual e “com muito cuidado". A peça-chave desse alívio é a realização em grande escala de testes. Citando fontes que participaram com Merkel numa reunião do partido da chanceler, a CDU (democratas-cristãos), a ideia seria avançar em três fases: contactos pessoais; ensino regular e escolas profissionais; grupos desportivos, restaurantes e cultura.

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Em 2020, a economia alemã viveu o maior recuo desde a crise financeira de 2009. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5%. O impacto da primeira vaga é o principal factor desta quebra histórica no PIB germânico, cujo clima económico caiu abruptamente em Março de 2020, mas começou a recuperar logo em Maio, mantendo-se nessa trajectória ascendente até Setembro. Porém, após cinco meses consecutivos a subir, a confiança voltou a descer em Outubro, graças ao impacto da segunda vaga, que atirou o país para um segundo confinamento em Novembro.

Segundo as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB alemão deve avançar 3,5% em 2021, empurrado pelo consumo privado e pelas exportações. Mas o desempenho destes dois factores depende fortemente da evolução da pandemia, razão pela qual o próprio FMI reviu em baixa as previsões feitas em Outubro para a economia alemã, tendo cortado na mais recente actualização das previsões uns 0,7 pontos percentuais na perspectiva de crescimento.

Nas últimas décadas, a indústria alemã, com grande pendor exportador, consolidou a sua importância económica. O sector transformador representa 26,8% do PIB (19,1%, sem a construção) e 27% do volume de emprego do país. A produção industrial recuou 10,8% em 2020, segundo números divulgados pela autoridade estatística nacional. A actividade foi muito penalizada na primeira fase da pandemia, com a quebra na produção a chegar aos aos 29,7% em Abril, mas o segundo semestre ficou marcado por uma recuperação que, ainda assim foi insuficiente para anular perdas. Em Dezembro de 2020, a produção industrial estava 1,5% abaixo do mês homólogo de 2019.

Em termos de exportações, a China ultrapassou a França no segundo lugar da lista dos maiores mercados exportadores das empresas alemãs, que continua a ter os EUA no primeiro lugar, mas com uma vantagem cada vez mais curta. A venda de bens alemães à China totalizou 96 mil milhões de euros, sensivelmente o mesmo que em 2019. Porém, as exportações para França caíram 15% no ano passado, justificando assim a troca de posições. 

O indicador de clima económico é obtido a partir das respostas mensais de cerca de 9000 gestores alemães, da indústria manufactureira, dos serviços, do comércio e da construção. É-lhes pedido que avaliem a situação da empresa e as perspectivas de negócio para os seis meses seguintes. O valor do índice resulta do cálculo das diferenças percentuais entre avaliações positivas e negativas, comparado com a média de 2015, cujos valores servem de referência.