Fauci apela a um compromisso global na distribuição das vacinas contra a covid-19
A tecnologia que permitiu desenvolver as vacinas em menos de um ano deve muito à investigação fundamental sobre o HIV, recordou o conselheiro de Joe Biden, que apela aos países do Sul para fazerem ciência e, talvez, criarem as suas vacinas.
Cada país tem de tratar dos seus cidadãos, ter vacinas para conter a epidemia causada pelo novo coronavírus que assola o planeta, reconheceu Anthony Fauci, conselheiro do Presidente norte-americano Joe Biden para a pandemia de covid-19. “Mas é preciso reconhecer que numa pandemia global, é preciso ter uma resposta global, um compromisso para a distribuição de vacinas contra a covid-19 em todo o mundo para acabar com esta epidemia”, sublinhou esta segunda-feira, numa conferência de imprensa virtual da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Cada país tem de tratar dos seus cidadãos, ter vacinas para conter a epidemia causada pelo novo coronavírus que assola o planeta, reconheceu Anthony Fauci, conselheiro do Presidente norte-americano Joe Biden para a pandemia de covid-19. “Mas é preciso reconhecer que numa pandemia global, é preciso ter uma resposta global, um compromisso para a distribuição de vacinas contra a covid-19 em todo o mundo para acabar com esta epidemia”, sublinhou esta segunda-feira, numa conferência de imprensa virtual da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Anthony Fauci recordou que muito do caminho feito para desenvolver as vacinas contra a covid-19 num tempo recorde – menos de um ano, algo nunca feito – deve muito às décadas de investigação feita para tentar desenvolver uma vacina contra o HIV. “É preciso reconhecer que deve muito à investigação fundamental que foi feita nas últimas décadas”, sublinhou o director do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, que tem a carreira ligada à investigação sobre a sida.
Esta recordação serviu de mote a Fauci, em resposta a uma jornalista, para um conselho aos países do Sul com mais capacidade tecnológica e industrial, como a África do Sul, para se prepararem para futuros surtos e pandemias: “Invistam na construção de capacidade, para que possam vir a fazer as suas próprias vacinas, e não ficarem dependentes de outros”, disse.
Estas declarações do conselheiro em assuntos de medicina do Presidente Joe Biden surgem num momento em “o acesso às vacinas contra a covid-19 se tornou o tema definidor da pandemia”, como disse o presidente da Universidade de Columbia (Nova Iorque), Lee Bollinger, que esteve na conferência da OMS para falar de um seminário online sobre vacinas e a saúde global que a sua universidade organiza online a partir desta segunda-feira.
“Dez países administraram mais de 75% de todas as vacinas contra a covid-19 e, ao mesmo tempo, mais de 130 países não receberam uma única dose”, contabilizou esta segunda-feira o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Guardian.
Apesar das novas contribuições decididas pelo grupo dos sete países mais industrializados (G7) na sexta-feira para a iniciativa COVAX (quatro mil milhões de dólares ou 3310 milhões de euros dos EUA e a duplicação do apoio da União Europeia, de 500 para mil milhões de euros), este programa que pretende comprar vacinas contra a covid-19 para os países mais pobres continua ainda com um défice para poder funcionar, de 2900 milhões de dólares (2400 milhões de euros), contabilizou o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, comprometeu-se ainda na Conferência de Munique, na semana passada, a doar 5% do stock de vacinas contra a covid-19 do seu país para países em desenvolvimento – e apelou aos líderes europeus e dos EUA a fazerem o mesmo, para minorarem a aceleração da desigualdade no acesso às vacinas.
Se os EUA, França e Alemanha o fizessem, isso totalizariam 13 milhões de doses (ou 0,43% de todas as doses encomendadas pela União Europeia), mas bastaria para imunizar todos os trabalhadores do sector da saúde em África, relata a agência Reuters.
Seria uma resposta directa ao apelo, ou desafio, lançado por Tedros Adhanom Ghebreyesus à comunidade internacional, para que todos os profissionais de saúde possam estar vacinados nos primeiros 100 dias do ano – até 7 de Abril, Dia Mundial da Saúde. Há uma declaração online que se pode assinar, em solidariedade com este objectivo – que por ora, não parece estar ainda no melhor caminho.