Diplomata de Bissau diz que Marcelino da Mata é um problema português

“Marcelino da Mata é um problema luso-português”, considera o diplomata Fernando Delfim da Silva, actual conselheiro para os Assuntos Políticos do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

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Marcelino da Mata DR

Fernando Delfim da Silva, que foi representante permanente da República da Guiné-Bissau nas Nações Unidas, marca distância em relação à polémica em Portugal que envolveu a memória do tenente-coronel Marcelino da Mata, que morreu a 11 de Fevereiro em Lisboa, vítima de covid-19Num texto partilhado no Facebook por Sidney Monteiro, assessor de Nuno Nabian, primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Delfim da Silva defende que o passado de quem optou por lutar ao lado das tropas portuguesas não deve ter consequências presentes. “Não pode perturbar a construção de respeito, amizade e cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal”, defendeu.

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Fernando Delfim da Silva, que foi representante permanente da República da Guiné-Bissau nas Nações Unidas, marca distância em relação à polémica em Portugal que envolveu a memória do tenente-coronel Marcelino da Mata, que morreu a 11 de Fevereiro em Lisboa, vítima de covid-19Num texto partilhado no Facebook por Sidney Monteiro, assessor de Nuno Nabian, primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Delfim da Silva defende que o passado de quem optou por lutar ao lado das tropas portuguesas não deve ter consequências presentes. “Não pode perturbar a construção de respeito, amizade e cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal”, defendeu.

Entre os que assinalaram ter sido o membro do Exército português mais condecorado pela ditadura e os que o acusaram de crimes de guerra e o voto de pesar aprovado nesta quinta-feira na Assembleia da República com os votos do PS, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega, Fernando Delfim da Silva opta por outro enfoque.

O diplomata recua 47 anos e recorda a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973. Refere o apoio internacional que esta decisão do PAIGC [Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde] então suscitou e os problemas, externos e internos, que causou ao regime de Marcello Caetano, como prova da insustentatibilidade do império colonial português em África e prenúncio de novos tempos.

Sete meses depois da proclamação da independência do PAIGC, a 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas animado pelos capitães derrotava a ditadura e anunciava, no seu programa, os conhecidos três “D” do futuro de Portugal: democratizar, descolonizar e desenvolver.

Publicado por Sydney Monteiro em Domingo, 21 de fevereiro de 2021

“O grito de Medina do Boé [proclamação da independência] tinha acabado com todas as dúvidas”, recorda o diplomata. E, em 11 de Novembro de 1975, com a proclamação da independência de Angola, terminava o ciclo imperial português em África. “Era isto que devia contar para uma boa cultura histórica das novas gerações, claro, não apenas das novas gerações de guineenses”, escreve.

Por isso, Fernando Delfim da Silva considera que Marcelino da Mata foi derrotado na Guiné-Bissau, a terra onde nasceu. “Marcelino da Mata tropeçou e caiu na Guiné-Bissau”, lembra. E acentua que o passado de quem optou por lutar ao lado das tropas portuguesas não deve ter consequências presentes. “Não pode perturbar a construção de respeito, amizade e cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal”, sublinha.