Associação exige ao Governo retirar o lítio das prioridades do Plano de Recuperação e Resiliência
Reclamação entregue no âmbito da dicussão pública do Plano foi feita pela Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso , que aponta para as “contradições” em que está a cair o Governo.
A Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso tornou público o contributo que apresentou durante a discussão pública do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e que está a decorrer até ao dia 1 de Março, na qual exige ao Governo retirar o lítio das prioridades ali mencionadas.
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A Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso tornou público o contributo que apresentou durante a discussão pública do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e que está a decorrer até ao dia 1 de Março, na qual exige ao Governo retirar o lítio das prioridades ali mencionadas.
A reclamação incide sobre a proposta para uma Fileira Integrada de Lítio e Fabricação de Baterias que o Governo português pretende executar em parceria com o Governo espanhol. Segundo a associação, a aposta pela exploração de lítio “contradiz vários objectivos expressados no plano”.
“Por um lado, o Governo realça a necessidade de investir na floresta, numa agricultura regenerativa e em produtos de valor acrescentado a partir de recursos biológicos como forma de travar o abandono dos territórios. Por outro lado, promove projectos de mineração a céu aberto em vastas áreas do Centro e Norte de Portugal, que não contribuem para fixar população no longo prazo, colocam em risco as práticas agrícolas sustentáveis já existentes e ainda aceleram a tendência de abandono do sector primário”, escreve a Associação, num comunicado tornado público.
Este movimento, que tem lutado contra o avanço do projecto que a britânica Savannah se prepara para executar em Boticas, e no qual a Galp comprou uma participação – tem neste momento um Estudo de Impacto Ambiental entregue, mas que ainda não foi submetido a consulta pública - considera também “contraditório” que o Governo invista “na gestão da água em regiões do território que enfrentam escassez hídrica ao mesmo tempo que promove projectos de muitíssimo elevado consumo dos recursos hídricos nas regiões menos afectadas por este problema”. “Num futuro que se prevê de maior escassez de água como resultado das alterações climáticas, a mineração a céu aberto constitui um risco acrescido e compromete o direito à água das populações que habitam os territórios onde esta actividade se instala”, argumentam.
A Unidos em Defesa de Covas do Barroso apela ao Governo que valorize e invista no futuro das pessoas que todos os dias garantem a integridade e continuidade do Sistema Agro-silvo-pastoril do Barroso, reconhecido pela FAO como o primeiro Sistema Importante do Património Agrícola Mundial (SIPAM) em território português. E, por fim, exige “que o Governo retire do Plano de Recuperação e Resiliência quaisquer investimentos que pressuponham a exploração de minerais a céu aberto”.