Covid-19: testes rápidos nas escolas detectaram 50 casos positivos
Foram realizadas cerca de 16 mil análises, envolvendo alunos dos concelhos mais afectados pela pandemia, bem como professores e funcionários das escolas de acolhimento. Ministro da Educação garante chegada de 15 mil computadores a partir desta semana.
Os quase 16 mil testes rápidos de antigénio que foram realizados em escolas desde finais de Janeiro permitiram identificar 50 casos de infecção pelo novo coronavírus entre alunos, professores e funcionários. As análises foram feitas, numa primeira fase, nos concelhos que estavam classificados como de risco “extremamente elevado” e, mais recentemente, nas escolas de acolhimento para os filhos dos profissionais essenciais, que se mantiveram abertas.
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Os quase 16 mil testes rápidos de antigénio que foram realizados em escolas desde finais de Janeiro permitiram identificar 50 casos de infecção pelo novo coronavírus entre alunos, professores e funcionários. As análises foram feitas, numa primeira fase, nos concelhos que estavam classificados como de risco “extremamente elevado” e, mais recentemente, nas escolas de acolhimento para os filhos dos profissionais essenciais, que se mantiveram abertas.
Estes números foram avançados, esta quarta-feira, pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, durante uma audição parlamentar convocada para analisar a transição para o ensino remoto nas últimas semanas. O governante fez uso dos dados para sublinhar a ideia de que as escolas “são lugares seguros” e que a prioridade deve ser “voltar ao ensino presencial” o mais rapidamente possível.
A testagem nas escolas arrancou no dia 19 de Janeiro, envolvendo alunos, professores e funcionários de escolas públicas e privadas localizadas em concelhos de risco extremamente elevado de infecção. Os estabelecimentos de ensino encerraram, para um período de duas semanas de pausa lectiva, que antecedeu o regresso ao ensino à distância, no dia 22 desse mês. Em três dias foram realizados 3000 testes rápidos, dos quais resultaram 25 casos positivos.
Há uma semana, arrancou a segunda fase de testagem, envolvendo as 700 escolas públicas que estão em funcionamento para acolher os filhos dos profissionais essenciais. Desta feita, foram apenas analisados professores e funcionários – tendo em conta que os alunos recebidos têm 12 anos ou menos. Em cerca de 13 mil testes rápidos, feitos em todo o país, foram detectados outros 25 casos de covid-19, segundo o Ministério da Educação.
Durante o 1.º período, mais de metade das escolas públicas registou pelo menos um caso de infecção por covid-19, segundo dados do Ministério da Educação, divulgados no início do mês pela Fenprof. Ou seja, houve situações em quase três mil estabelecimentos de ensino. Os dados chegaram à federação de sindicados após recurso a tribunal, depois de a tutela se ter negado inicialmente a divulgar esta informação.
Programa Escola Digital
Na audição parlamentar desta quarta-feira, foi também anunciado que começam a ser distribuídos às escolas, ainda durante esta semana, 15 mil computadores no âmbito do programa Escola Digital. Trata-se dos equipamentos cuja compra foi aprovada no início deste mês em Conselho de Ministros. Tiago Brandão Rodrigues afirmou que estes computadores foram “encontrados no mercado” e adquiridos face às carências existentes. O ministro da Educação não se referiu aos restantes 335 mil computadores, cuja chegada está prevista acontecer até ao final do 2.º período.
No 1.º período, já tinham sido distribuídos 100 mil computadores, a alunos carenciados do ensino secundário. Muitos destes equipamentos “estão a avariar” ao final de alguns dias de utilização, denunciou a deputada do PEV Mariana Silva. O ministro da Educação admitiu que “possa haver uma ou outra avaria”, mas assegurou que nesses casos serão activadas as garantias contratualizadas, que têm a duração de dois anos.
Na audição desta quarta-feira, Brandão Rodrigues ouviu críticas tanto da Direita como da Esquerda. “O ministro falhou, de tal forma que capitulou, decretando férias”, apontou Ana Rita Bessa, do CDS, secundada pelo deputado social-democrata Luís Leite Ramos, segundo o qual as escolas estão a viver “uma das maiores tragédias”, perante as quais Tiago Brandão Rodrigues tem sido “incapaz de reconhecer erros”. Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, acusou o Governo de “correr atrás do prejuízo” sem revelar “capacidade de antecipar” os impactos da pandemia sobre o sector da Educação.