A menina e o Zeppelin
Nunca ou quase nunca escrevo crónicas pessoais — e esta também não o é. Mas as horas passaram sem eu dar conta, escrevendo estas linhas sobre como todos aqueles a quem chamamos pessoas comuns, nós todos no fundo, vemos e fazemos história sem dar por isso.
Numa aldeia do Ribatejo, talvez em 1937, um homem estava a trabalhar na eira quando viu passar por cima de si um dirigível que ia para a América. Chamou os seus então seis filhos para que vissem aquele prodígio, “parece um porco a voar no céu”, disse. Esse homem era o meu avô, que morreu em 1943 com 45 anos apenas, e oito filhos, o último acabado de nascer quinze dias antes. Uma das crianças que dobrava o pescoço para ver o Zeppelin — “Zorplim”, dizia-se ali na aldeia — era a minha mãe, que faz hoje noventa anos.
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Numa aldeia do Ribatejo, talvez em 1937, um homem estava a trabalhar na eira quando viu passar por cima de si um dirigível que ia para a América. Chamou os seus então seis filhos para que vissem aquele prodígio, “parece um porco a voar no céu”, disse. Esse homem era o meu avô, que morreu em 1943 com 45 anos apenas, e oito filhos, o último acabado de nascer quinze dias antes. Uma das crianças que dobrava o pescoço para ver o Zeppelin — “Zorplim”, dizia-se ali na aldeia — era a minha mãe, que faz hoje noventa anos.