Plano de Recuperação e Resiliência gera revolta e desilusão no desporto

Confederação do Desporto de Portugal e Comité Olímpico de Portugal muito críticos em relação à omissão da actividade física e desportiva no plano.

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O desporto foi deixado de fora do PRR Reuters/LEE SMITH

Os presidentes da Confederação do Desporto de Portugal (CDP) e do Comité Olímpico de Portugal (COP) manifestaram nesta quarta-feira que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apresentado ontem pelo Governo é “uma desilusão”, por deixar o desporto de fora das medidas apresentadas.

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Os presidentes da Confederação do Desporto de Portugal (CDP) e do Comité Olímpico de Portugal (COP) manifestaram nesta quarta-feira que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apresentado ontem pelo Governo é “uma desilusão”, por deixar o desporto de fora das medidas apresentadas.

Carlos Paula Cardoso, presidente da CDP, lamentou que o desporto seja “tratado com alguma menoridade em todo o processo”, notoriamente agastado com o “esquecimento” a que a actividade desportiva, “sobretudo de competição”, foi votada no PRR.

Já para José Manuel Constantino, líder do COP, a omissão do desporto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13.900 milhões de euros em subvenções, é um “desprezo do potencial e do valor” do sector.

Na opinião de Carlos Paula Cardoso, “o desporto não é só o resultado em si, apesar de, normalmente, quando há grandes sucessos, também isso contribuir para a auto-estima dos portugueses”. “Há todo um conjunto de outras áreas que estão envolvidas no desporto, como a arquitectura, engenharia, investigação, que têm uma ligação ao desporto que vai para além do resultado em si”, argumenta.

São “pessoas que conseguem resultados fantásticos” através de um trabalho de “investigação e criação de produtos melhores”, em conjunto “com o trabalho dos atletas e dos treinadores”, e que ficam de fora dos apoios previstos no PRR.

Carlos Paula Cardoso sublinhou ainda outro problema que parece não ter fim à vista e que é o facto de “os escalões de formação estarem impedidos de treinar e competir”.

“Vamos ter um hiato de dois anos numa altura fundamental para os jovens que estão parados e vamos sofrer isso na pele nos próximos anos, porque há etapas do crescimento que, ou são naquele momento, ou não são”, advertiu.

Além disso, o dirigente frisou que o “esquecimento” do desporto no PRR “é paradoxal” com as declarações do secretário de Estado João Paulo Rebelo, que tem anunciado a intenção de colocar Portugal entre os 15 países da União Europeia com maiores índices de actividade física em 2030.

No mesmo sentido crítico seguem as tomadas de posição de Comité Olímpico e o Comité Paralímpico de Portugal. José Manuel Constantino, que encabeça o COP, fala em desprezo pela actividade desportiva.

O dirigente admitiu que esperava que “este instrumento estratégico reflectisse” uma preocupação com o desporto e a actividade física, a par de recomendações internacionais de outros países europeus.

“Infelizmente, não reflecte. O que verificamos é uma total ausência de aproveitamento do potencial do desporto para os diferentes eixos definidos para o plano”, atira.

Mesmo após o COP ter “vertido para o Governo um acervo muito significativo de orientações internacionais e posições nacionais”, esta perspectiva não foi tida em conta, e Constantino critica a forma como esta omissão está em linha com a “insuficiência ou ausência completa da actividade física e desportiva na agenda política do Governo”.

Esperando ainda que “a discussão pública possa, de algum modo”, reverter a situação, o presidente do organismo admite continuar a trabalhar com esse fim, porque “a promoção da actividade física e desportiva é essencial”, do ponto de vista da saúde e para “estar à altura dos desafios”.

“O que o Governo está a fazer está ao arrepio do que são orientações internacionais e boas práticas dos países europeus. Está completamente isolado. É agravado, depois, pela circunstância política de ter a presidência da União Europeia, e dever ter a obrigação não de estar atrás mas de ter posição liderante sobre esta matéria”, atirou.