Vacina da Janssen pode ser autorizada na Europa em Março e Portugal já conta com as primeiras doses
Um primeiro lote de 1,25 milhões de doses desta vacina contra a covid-19, que só precisa de uma dose, deve chegar a Portugal no segundo trimestre. EUA também se preparam para lhe dar luz verde.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deve emitir o seu parecer em meados de Março sobre o pedido de autorização da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Janssen, uma subsidiária da norte-americana Johnson & Johnson. O presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), Rui Santos Ivo, anunciou entretanto que estas vacinas devem começar a chegar a Portugal no segundo trimestre deste ano.
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A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deve emitir o seu parecer em meados de Março sobre o pedido de autorização da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Janssen, uma subsidiária da norte-americana Johnson & Johnson. O presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), Rui Santos Ivo, anunciou entretanto que estas vacinas devem começar a chegar a Portugal no segundo trimestre deste ano.
A nova vacina da Janssen pode ser administrada numa única dose, e não em duas, como as vacinas disponíveis até agora. Os ensaios clínicos em três continentes, que levaram em conta múltiplas variantes do coronavírus, revelaram que a vacina teve uma eficácia de 66% na prevenção da covid-19. Mas foi 85% eficaz a evitar doença grave e na prevenção da hospitalização em todas as geografias e contra múltiplas variantes, 28 dias após a imunização.
Embora vacinas rivais, como a da Pfizer-BioNtech e a da Moderna, ofereçam taxas de protecção mais elevadas, a vantagem da vacina da Janssen é ser administrada numa única dose, o que simplifica as campanhas de vacinação e permite aumentar os stocks de vacinas. E também não tem as exigências de refrigeração tão rigorosas como as outras duas.
Começou já a ser usada na África do Sul esta semana, em alternativa à da AstraZeneca, que se mostrou pouco eficaz perante a variante do novo coronavírus que está a tornar-se dominante naquele país. O Presidente sul-africano Cyril Ramapahosa foi já imunizado esta manhã com a vacina da Janssen.
Esta vacina usa uma tecnologia diferente da do ARN-mensageiro (ARNm) utilizado pela Moderna e pela Pfizer-BioNtech, e tem a vantagem de não ser tão exigente em termos de refrigeração.
Serve-se de um vírus modificado, no caso um adenovírus do tipo 26 (Ad26) que leva para as células humanas um fragmento do material genético com que o coronavírus comanda a produção de uma das suas proteínas. É também uma tecnologia nova, mas não é inédita no uso de vacinas, como a do ARNm; já serviu para desenvolver várias vacinas contra o ébola, por exemplo.
A vacina da Janssen está também a ser apreciada pela Food and Drug Administration, a autoridade para o mercado dos medicamentos e dos alimentos nos Estados Unidos – uma reunião de peritos deve ter lugar no dia 26 de Fevereiro, e a autorização deve surgir pouco depois.
Rui Santos Ivo disse na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social que Portugal poderia receber as primeiras entregas desta vacina no segundo trimestre, relata a agência Lusa. Trata-se de um primeiro lote de 1,25 milhões de doses de total de 4,5 milhões, que chegaria ao longo deste ano.
A Comissão Europeia contratou o fornecimento de 200 milhões de doses da vacina da Janssen, com a opção de mais 200 milhões. No final de Janeiro, o director médico da Janssen, Manuel Salavessa, afirmou à Lusa que se mantinha o compromisso de disponibilizar na União Europeia as vacinas no segundo trimestre deste ano.
Segundo Rui Santos Ivo, a informação disponível neste momento indica que o consórcio Pfizer-BioNtech “conseguiu praticamente já recuperar o atraso que se verificou no início” na entrega de vacinas, o que permite a Portugal contar, no final do primeiro trimestre, com cerca de 1,3 milhões de doses, que é “praticamente o volume que estava previsto”.
Relativamente à Moderna, a “informação que temos é que serão entregues as 226.800 doses que estavam contratualizadas”, referiu o presidente do Infarmed. “Onde se observa uma redução é nas vacinas da AstraZeneca”, afirmou, “uma vez que estava previsto serem entregues cerca de 2,7 milhões, mas que não deverão ultrapassar as 930 mil doses nesta fase”.