Pressão sobre hospitais em queda, mas faltam milhares de rastreadores de covid-19
“É urgente resolver o défice de pessoal” que faz com que haja milhares de inquéritos epidemiológicos em atraso, diz presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.
A pressão gerada pela pandemia nos hospitais portugueses vai continuar, graças ao confinamento, a diminuir. Segundo a mais recente previsão da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), relativa às necessidades que serão sentidas nas unidades de saúde a 19 de Fevereiro, existirão entre 4840 e 5234 doentes com covid internados, de acordo com um acréscimo ou diminuição de 2% do Rt (risco de transmissão). Na semana passada as estimativas apontavam para uma previsão mínima de 6873 e máxima 7763 internados.
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A pressão gerada pela pandemia nos hospitais portugueses vai continuar, graças ao confinamento, a diminuir. Segundo a mais recente previsão da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), relativa às necessidades que serão sentidas nas unidades de saúde a 19 de Fevereiro, existirão entre 4840 e 5234 doentes com covid internados, de acordo com um acréscimo ou diminuição de 2% do Rt (risco de transmissão). Na semana passada as estimativas apontavam para uma previsão mínima de 6873 e máxima 7763 internados.
Porém, de acordo com cenários indicados através da ferramenta Adaptt — que conta com a colaboração da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública — continuam a faltar milhares de profissionais para rastrear os contactos dos infectados.
“É urgente resolver o défice de pessoal” que faz com que haja milhares de inquéritos epidemiológicos em atraso, considera o presidente da APAH, Alexandre Lourenço. Informações prestadas esta semana ao Parlamento pelo secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, davam conta de quatro mil inquéritos pendentes – muito embora se tenha registado uma recuperação nos atrasos dos contactos telefónicos feitos para despistagem da covid-19.
Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, a 4 de Fevereiro eram mais de 1100 as pessoas envolvidas nesta missão - entre funcionários da administração central e local, estudantes e de elementos das forças de segurança e das Forças Armadas -, quando em meados de Dezembro não chegavam aos 500. Mas mesmo assim está muito longe de ser suficiente para as necessidades, avisa Alexandre Lourenço: “Em Março, na Alemanha, havia um destes profissionais a trabalhar para cada quatro mil habitantes. Em Portugal, em Outubro, a relação era de um para vinte mil. E neste momento desceu para um por cada dez mil habitantes”.
Este responsável entende que o Governo podia socorrer-se dos desempregados qualificados, uma vez que a formação mínima dos rastreadores não ultrapassa as 20 horas de duração. O mesmo especialista entende que seria uma solução mais eficaz do que o recurso a voluntariado. “Não existe uma aposta no rastreio de contactos”, critica.
Pelas contas da APAH espelhadas no seu relatório semanal, a 19 de Fevereiro próximo seria necessário o envolvimento de pelo menos 7789 profissionais de saúde nestes inquéritos, parte significativa dos quais (entre 2788 e 3018) na região de Lisboa e Vale do Tejo. Esta semana terão sido necessários pelo menos 4050 na mesma área geográfica.
As boas notícias relacionam-se com a redução da pressão sobre os hospitais, e em particular no que respeita às unidades de cuidados intensivos. Daqui a uma semana serão necessárias no máximo 790 camas - metade das quais na região de Lisboa e Vale do Tejo – e 395 médicos, números inferiores às previsões de há uma semana, que apontavam para uma necessidade máxima de 978 camas e 489 médicos. “São os efeitos do confinamento”, observa Alexandre Lourenço, ressalvando, no entanto, que a redução da procura não significa que os serviços hospitalares que enfrentam a pandemia não continuem em sobrecarga, uma vez que o número de médicos e enfermeiros existentes continua a ser insuficiente. “Continuamos a trabalhar em condições muito difíceis”, lamenta.