Astronauta fotografa “rios” de ouro que destroem ecossistemas na Amazónia

A massiva exploração mineira de ouro, no sudeste peruano, é visível a partir do espaço e revela ecossistemas destruídos e ameaças à saúde pública.

Foto
NASA

Um astronauta fotografou, a partir da Estação Espacial Internacional, o que parece ser um rio de ouro que atravessa a floresta tropical da Amazónia, no sudeste peruano, em Madre de Deus. O que vemos na imagem são, na verdade, inúmeras minas de ouro ilegais, que se tornaram reluzentes ao reflectir a luz solar.

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Um astronauta fotografou, a partir da Estação Espacial Internacional, o que parece ser um rio de ouro que atravessa a floresta tropical da Amazónia, no sudeste peruano, em Madre de Deus. O que vemos na imagem são, na verdade, inúmeras minas de ouro ilegais, que se tornaram reluzentes ao reflectir a luz solar.

Em 2019, o Peru liderava a indústria de exploração de ouro na América Latina, chegando a produzir 130 mil quilos do metal precioso. Na região de Madre de Deus, rica em recursos naturais e biodiversidade, existe uma das maiores indústrias mineiras independentes de ouro, a nível mundial. De acordo com a NASA, as minas são provavelmente exploradas por garimpeiros, mineiros independentes, e são rodeadas por áreas desertas, lamacentas, desflorestadas pela indústria extractiva.

O desenvolvimento das prospecções não regulamentadas ameaça ecossistemas, destrói habitats de espécies como o macaco, o jaguar e a borboleta, e prejudica a saúde das comunidades locais.

O mercúrio, conhecido por ser um metal tóxico e perigoso para o ser humano e o ambiente, é usado na exploração mineira não industrial, contaminando a atmosfera e os canais de água, que transportam as suas toxinas.

Em 2019, pelo menos um quinto da população peruana vivia abaixo do limiar da pobreza. Para dezenas de milhares de pessoas das comunidades próximas às explorações mineiras, a solução é ganhar o seu sustento nas minas de ouro, colocando em risco a própria saúde.

Foto
NASA

A fotografia do astronauta da Expedição 64, a actual missão de longa duração na Estação Espacial Internacional, foi tirada a 24 de Dezembro de 2020, com uma câmara Nikon D5. Além dos “rios” de ouro, vemos, no lado esquerdo da imagem, o rio Inambari. Para percepção da escala, o trecho do rio visível tem uma extensão de 15 quilómetros.