Israel em suspense com a demora do telefonema de Biden a Netanyahu
Casa Branca já veio dizer que o Presidente dos EUA vai telefonar ao aliado “em breve”.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, ainda não telefonou ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu – um dos primeiros na lista do antecessor Donald Trump. Biden e Netanyahu conhecem-se já há quatro décadas, e Biden até o tratou como “amigo”. Muitos comentadores em Israel questionam-se sobre esta demora.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, ainda não telefonou ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu – um dos primeiros na lista do antecessor Donald Trump. Biden e Netanyahu conhecem-se já há quatro décadas, e Biden até o tratou como “amigo”. Muitos comentadores em Israel questionam-se sobre esta demora.
Aaron David Miller, antigo negociador dos EUA em conversações israelo-palestinianas lê nesta demora uma intenção: Biden quer “apresentar-se como pró-Israel mais do que como pró-Netanyahu, como era o seu antecessor”. Biden é defensor de um Estado hebraico forte, e repete frequentemente em conversas e entrevistas a importância de uma visita que fez a Israel em 1973 e uma conversa que teve com a primeira-ministra Golda Meir.
A mudança de atitude face à de Trump “não quer dizer uma crise na relação forte entre EUA e Israel”, continua Miller, mas um regresso “ao seu estado mais normal, de altos e baixos”.
Já o antigo embaixador norte-americano em Israel Dan Shapiro chama, a este tema “uma não notícia”. “Não há mensagem, não há crise, o Presidente Biden está a fazer aquilo para que foi eleito” (covid, economia, injustiças, alterações climáticas), numa altura extraordinária, sublinha.
No plano externo, a sua atenção está focada em “limitar os danos de Trump, restaurar a liderança dos EUA em questões transnacionais, no desafio global da China, e na agressividade da Rússia, resumiu. “Cada uma destas questões seria o desafio de uma geração”, disse ainda Shapiro, notando a dificuldade de lidar com todas elas. Israel é importante, mas está a um nível diferente de importância, sublinha.
Os primeiros telefonemas de Biden foram feitos ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, Presidente francês, Emmanuel Macron, chanceler alemã, Angela Merkel, seguindo-se o Presidente chinês, Xi Jinping. Na primeira semana como Presidente, Biden ligou também para os governantes do México e Canadá, para o secretário-geral da NATO, para o Presidente russo, e ainda para os chefes de Governo da Coreia do Sul e Austrália.
A relação entre Israel e EUA chegou a um ponto especialmente baixo na presidência de Barack Obama. Biden, então vice-presidente, terá dito um dia a um dos conselheiros de Netanyahu: “Lembrem-se de que sou o vosso melhor amigo aqui”.
A discussão em Israel em relação à demora do telefonema levou mesmo a Casa Branca a garantir, esta quinta-feira, que esta chamada telefónica acontecerá “em breve”.
Netanyahu, que baseia parte da sua campanha para as eleições de 23 de Março na sua estatura no palco internacional, gostaria de receber o telefonema mais cedo. Nas últimas eleições em Israel, Donald Trump teve sempre uma intervenção que beneficiou o seu aliado.
Antes, Trump deu um apoio até então inimaginável a reivindicações de Israel, como as relativas a Jerusalém, deslocando a embaixada de Telavive para a cidade que Israel quer, “una e indivisível”, para sua capital, e cuja parte oriental os palestinianos querem para capital de um futuro Estado.
De Biden não se espera o mesmo tipo de apoio. Mas espera-se que tenha em conta as reivindicações de Israel.
O que mais preocupa o Estado hebraico de momento são possíveis negociações renovadas com o Irão por causa do seu programa nuclear. Biden afirmou que quer retomar a negociação de um acordo, depois de Trump ter retirado os EUA do tratado internacional com a República Islâmica.
Israel teme que qualquer acordo deixe o Irão operar um programa nuclear com fins militares a coberto de um objectivo civil.