Lisboa tem sete espaços alternativos para vacinação, Porto fala em modelo “drive-thru”

Um dos espaços que está previsto para vacinação em Lisboa é o Pavilhão Altice Arena. Presidente da Câmara do Porto diz que, quando houver doses em número suficiente para arrancar com vacinação em massa, será necessário um modelo de inoculação diferente, eventualmente em “drive-thru” ou “drive-in”.

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Daniel Rocha

Portugal já tem muitos espaços alternativos aos centros de saúde para uma operação de vacinação em massa contra a covid-19 dos idosos a partir dos 80 anos e dos doentes de risco com 50 ou mais anos, mas faltam doses em quantidades suficientes para iniciar este processo. Numa altura em que as entregas das empresas farmacêuticas ainda estão a ser feitas a conta-gotas, muitas autarquias já começaram a preparar e a anunciar a abertura de centros complementares para a vacinação destes dois novos grupos prioritários incluídos na primeira fase da operação que, em conjunto, ascendem a perto de um milhão de pessoas. São sobretudo pavilhões municipais, mas não só. 

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Portugal já tem muitos espaços alternativos aos centros de saúde para uma operação de vacinação em massa contra a covid-19 dos idosos a partir dos 80 anos e dos doentes de risco com 50 ou mais anos, mas faltam doses em quantidades suficientes para iniciar este processo. Numa altura em que as entregas das empresas farmacêuticas ainda estão a ser feitas a conta-gotas, muitas autarquias já começaram a preparar e a anunciar a abertura de centros complementares para a vacinação destes dois novos grupos prioritários incluídos na primeira fase da operação que, em conjunto, ascendem a perto de um milhão de pessoas. São sobretudo pavilhões municipais, mas não só. 

Em Lisboa, há sete espaços alternativos aos centros de saúde preparados para administrar vacinas aos cerca de 70 mil cidadãos que na cidade se incluem nestes dois novos grupos prioritários e um deles é o Pavilhão Altice Arena, soube o PÚBLICO. “Estamos à espera das vacinas desde quarta-feira, já temos as equipas contratadas e no terreno”, adiantou uma fonte da autarquia lisboeta. Por enquanto, a vacinação está a decorrer apenas em alguns Agrupamentos de Centros de Saúde (Aces) mas durante esta semana vai ser alargada a todos, adiantou a assessoria da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

No Porto, a câmara municipal já disponibilizou uma escola (António Aroso) ao Aces do Porto Ocidental e uma tenda para recobro ao Aces do Porto Oriental, mas o presidente, Rui Moreira, defende que, quando houver doses em número suficiente para arrancar com a vacinação em massa, será necessário um modelo de inoculação diferente, eventualmente em “drive-thru” ou “drive-in”, à semelhança do que está a ser feito “em Israel e na cidade de Nova Iorque”. No modelo drive-thru, as pessoas entram de carro nas estruturas e nem precisam de sair das viaturas.

“As cidades vão ter que se organizar. Neste momento não há vacinas [em número suficiente], mas estamos atentos e vamos apresentar um modelo que permita que, quando recebermos uma grande quantidade de doses, seja possível vacinar com muita rapidez. Não é necessário inventar nada, basta copiar as melhores práticas”, disse Rui Moreira ao PÚBLICO, lembrando que, no início da epidemia em Portugal, a autarquia foi pioneira ao apostar, em colaboração com um laboratório, na realização de testes de diagnóstico em drive-thru.

Nos arredores do Porto, em Gondomar, a autarquia disponibilizou o pavilhão multiusos da cidade, onde na sexta-feira arrancou a vacinação de quase uma centena de pessoas, em articulação com o Aces local. Em toda a região Norte, foram vacinadas 900 pessoas na quinta e sexta-feira passadas e esta semana vão ser administradas mais 1500 doses, revelou a ARS.

Pavilhão Mário Mexia em Coimbra

Em Coimbra, a câmara municipal cedeu também ao Aces do Baixo Mondego o Pavilhão Mário Mexia, no centro da cidade, onde deve arrancar já na próxima sexta-feira a vacinação de idosos e doentes de risco a partir dos 50 anos. A autarquia ofereceu-se ainda para reforçar as equipas dos centros de saúde com elementos que ajudem nos contactos telefónicos e vai ceder carrinhas de transporte especial e mini-autocarros para levar os cidadãos para o pavilhão, adianta a assessoria da câmara municipal.

Este é uma experiência que está a ser ensaiada um pouco por todo o país, com muitas autarquias a anunciar já a criação e a abertura de locais alternativos aos centros de saúde para a vacinação contra a covid-19. “Venham as vacinas e o processo pode arrancar de imediato”, enfatizam todos os responsáveis autárquicos contactados pelo PÚBLICO.

Mas esta operação de vacinação em massa adivinha-se complexa e demorada. Basta ver que os serviços de saúde já identificaram 957 mil pessoas dos 50 aos 79 anos com as quatro doenças de maior risco associadas à covid-19, além dos idosos a partir dos 80 anos mesmo sem patologias, no conjunto destes dois novos grupos prioritários a vacinar na primeira fase. Os números foram esta segunda-feira adiantados pela ministra da Saúde durante um balanço do plano de vacinação contra a covid-19, após uma reunião com o grupo de trabalho (task force) responsável pela operação. Marta Temido admitiu que, para este primeiro trimestre, está prevista a entrega de um total de cerca de 1,9 milhões de doses de vacinas, ou seja, “menos do que aquilo que inicialmente” tinha sido contratado.

Patologias de maior risco

Mas vai ser preciso esclarecer quem tem critérios para ser vacinado já. As pessoas acima dos 50 anos com as quatro patologias de maior risco vão poder saber se estão ou não incluídas na lista dos prioritários consultando “um simulador” que será disponibilizado no “portal covid-19" no final desta semana, anunciou a governante. Caso o doente não esteja incluído na lista e tenha critérios para isso, poderá “fazer a respectiva correcção”.

Por enquanto, a vacinação dos dois novos grupos prioritários está a avançar muito devagar. Até esta segunda-feira, havia 2380 vacinações agendadas, tinham sido enviados 1677 SMS e 902 pessoas responderam afirmativamente, especificou Marta Temido. Quanto às pessoas que não têm médico de família, foram emitidas “4140 declarações médicas" e esta semana será ainda iniciada a vacinação de profissionais de serviços não essenciais, num total de “19 mil inoculações”, acrescentou.

As listagens das pessoas a vacinar começaram na semana passada a ser comunicadas às unidades nos centros de saúde que são responsáveis pelas convocatórias e pelos agendamentos. Depois de, na semana passada, o processo ter avançado em apenas 40 unidades, a partir desta terça-feira haverá mais 59 a iniciar as convocatórias, a partir de agora nas cinco regiões de saúde. 

Relativamente aos outros grupos prioritários, até às 13h desta esta segunda-feira já tinham sido vacinadas cerca de 397 mil pessoas, 292 mil das quais com a primeira dose e quase 105 mil com a segunda, precisou. Esta semana prevê-se que sejam vacinadas mais 120 mil pessoas.

Entretanto, continuam a chegar a Portugal milhares de doses de vacinas de várias empresas farmacêuticas que, no final da semana passada, ascendiam já a perto de meio milhão (493.050). Mas as entregas estão a ser realizadas a conta-gotas: esta segunda-feira chegaram 87.750 doses da vacina da BioNTech-Pfizer e está previsto o envio, no final desta semana, de 22.800 doses da vacina da Moderna, depois de, no domingo, a AstraZeneca/Universidade de Oxford ter feito a primeira entrega da sua vacina, num total de 43.200 doses. Esta vacina será, porém, reservada para os menores de 65 anos