Aposta da Tesla na bitcoin coloca valor da moeda virtual num novo patamar

Tesla investe 1500 milhões em bitcoin e anuncia que irá aceitar pagamentos através da mais conhecida criptomoeda.

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Reuters/ERIC GAILLARD

A bitcoin, a criptomoeda mais popular, a nível mundial, atingiu um novo recorde, ultrapassando o patamar dos 48 mil dólares (38,9 mil euros, ao câmbio actual), depois de a Tesla anunciar um investimento de 1500 milhões de dólares (1245 milhões de euros) na moeda virtual e afirmar que irá aceitar a compra de automóveis eléctricos com esta divisa.

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A bitcoin, a criptomoeda mais popular, a nível mundial, atingiu um novo recorde, ultrapassando o patamar dos 48 mil dólares (38,9 mil euros, ao câmbio actual), depois de a Tesla anunciar um investimento de 1500 milhões de dólares (1245 milhões de euros) na moeda virtual e afirmar que irá aceitar a compra de automóveis eléctricos com esta divisa.

Desde Março de 2020, a bitcoin registou uma valorização de 1150%, refere a Reuters. A decisão da Tesla veio dar um empurrão na valorização da moeda digital e está a ser vista como um marco que poderá levar outras empresas e investidores a fazer apostas significativas nas criptomoedas, mas também a intensificar os receios em torno do risco que alguns podem estar a correr.

Num relatório anual submetido na segunda-feira ao regulador da bolsa dos EUA, a Tesla anunciou que irá investir uma parte da sua liquidez “em activos alternativos de reserva, como activos digitais, barras de ouro, fundos de ouro transaccionados em bolsa”. Além do investimento em bitcoin, a fabricante norte-americana admite vir a “adquirir e manter outros activos digitais periodicamente ou no longo prazo”.

“A bitcoin está definitivamente a captar a atenção dos investidores — recebo cada vez mais perguntas sobre isso”, disse à Reuters Marija Vertimane, da State Street Global Markets.

Vijay Ayyar, responsável da empresa de troca de criptomoedas Luno em Singapura, antevê que, “uma a uma, as empresas vão adicionar a bitcoin aos seus balanços”. “Imagine o que acontecerá à oferta e à procura se cem empresas começarem a colocar até 1% [do seu portefólio] em bitcoin”, disse, citado pela Bloomberg.

A agência financeira nota que a subida do valor da bitcoin, animada pelo interesse dos grandes gestores de fundos, continua a suscitar controvérsia, havendo previsões de que o preço de longo prazo tanto poderá ser de 400 mil dólares como de zero.

Jeffrey Halley, analista de mercado da empresa Oanda, diz também à Bloomberg que este momento de “loucura” com as criptomoedas se deve inteiramente a um “impulso especulativo de curto prazo”, existindo um contraste entre o “barulho” em torno do crescimento da moeda virtual e o silêncio em torno da forma como a bitcoin “será utilizada na vida quotidiana”.

Ao Financial Times, Jerry Klein, director-geral da gestora de investimentos Treasury Partners, em Nova Iorque, também se mostra cauteloso. “Não creio que haja argumentos a favor de as empresas investirem num activo de risco como a bitcoin, onde poderiam sofrer quebras significativas”, disse.

Vítor Constâncio, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu e antigo governador do Banco de Portugal, defendeu no Twitter a necessidade de se “regular a bitcoin” e outros novos tipos de criptoactivos, e de “explicar por que é que a moeda digital que os bancos centrais já têm deve ser acessível ao público e em que condições, [para] tentar pôr fim a todas as irracionalidades que rodeiam estas questões”.

Em Portugal, na sequência da transposição de uma directiva europeia, as empresas de câmbio que permitem vender e comprar criptomoedas estão abrangidas pelas regras de prevenção do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo que implicam deveres preventivos de controlo e identificação dos clientes.