Aos 106 anos, uma pianista francesa propõe música como “alimento para o espírito”
Em plena pandemia, Colette Maze acaba de gravar o sexto álbum de clássicos, que será lançado em Abril. Os segredos da sua longevidade: música, ginástica e vinho.
Começou a tocar piano com apenas 4 anos, no mesmo ano em que morreu aquele que, como disse há três anos à revista Le Nouvel Observateur, foi o grande amor da sua vida: Claude Debussy. Mas lembra-se desde sempre de encontrar na música o conforto ausente na sua rigorosa educação. Hoje, aos 106 anos de idade, a interpretação de Colette Maze ainda emana grande ternura e, sentada ao piano, um dos quatro que ocupam o seu apartamento em Paris, os seus dedos ágeis mal parecem tocar nas teclas enquanto nos embala ao som de Schumann, Debussy e Chopin.
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Começou a tocar piano com apenas 4 anos, no mesmo ano em que morreu aquele que, como disse há três anos à revista Le Nouvel Observateur, foi o grande amor da sua vida: Claude Debussy. Mas lembra-se desde sempre de encontrar na música o conforto ausente na sua rigorosa educação. Hoje, aos 106 anos de idade, a interpretação de Colette Maze ainda emana grande ternura e, sentada ao piano, um dos quatro que ocupam o seu apartamento em Paris, os seus dedos ágeis mal parecem tocar nas teclas enquanto nos embala ao som de Schumann, Debussy e Chopin.
“É o meu alimento, o meu alimento para o espírito e para o coração”, explica Colette Maze, uma pequena e vivaz mulher, à Reuters.
Nascida em 1914 no seio de uma família de classe média, Colette Maze recorda a sua educação rigorosa, assumida pela austera mãe, enquanto o pai geria uma fábrica de fertilizantes. Depois, prosseguiu os estudos na École Normale de Musique de Paris, um conservatório no 16.º bairro, onde aprendeu a arte do piano com Alfred Cortot e Nadia Boulanger, antes de iniciar uma longa carreira como acompanhadora nas escolas de música da capital.
A agilidade que mantém deve-se, segundo conta, ao ioga e à ginástica especifica para os dedos que pratica diariamente. Se parar de tocar, terá de alimentar a sua imaginação de alguma forma. “Mas eu preciso de algo palpável. Há quem precise de provar doces; os meus dedos precisam de sentir as teclas [do piano], de sentir isto”, diz enquanto os seus pés alcançam os pedais, e recomeça a tocar.
Além disso, disse em 2018 à L'Obs, atribui a sua excepcional longevidade ao consumo diário de três ovos frescos, aos quais junta um copo de vinho de Graves, um pouco de queijo brie e chocolate.
Colette Maze acaba de gravar o seu sexto álbum, uma gravação de três volumes de obras de Debussy, prevista para ser lançada em Abril, tendo no ano passado, gravado obras de Debussy e de Erik Satie.
O seu único filho, o cineasta Fabrice Maze, nascido em 1949, descreve a pianista como uma inspiração, especialmente durante os tempos da pandemia de covid-19. “Por um lado, ela ajuda na parte moral, [mostrando] que aos 106 anos alguém pode estar em boa forma se tiver paixão e se cuidar de si próprio - isso é uma boa notícia”, sublinha o também argumentista. “Depois, o seu sentido de humor, a sua alegria, o seu amor pela vida, faz-nos sorrir.”