Sector turístico português acabará por recuperar totalmente, prevê agência de rating

Agência canadiana DBRS diz que impacto negativo da pandemia no turismo ainda deverá ser significativo este ano, mas a expectativa é de um regresso posterior aos níveis anteriores à crise.

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Paulo Pimenta

A DBRS considera que o turismo português não vai recuperar totalmente este ano, dada a “particularmente crítica” situação sanitária e o prolongamento das restrições, mas o choque será temporário e a atractividade do país irá manter-se no pós-pandemia.

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A DBRS considera que o turismo português não vai recuperar totalmente este ano, dada a “particularmente crítica” situação sanitária e o prolongamento das restrições, mas o choque será temporário e a atractividade do país irá manter-se no pós-pandemia.

Numa nota de análise sobre o sector do turismo em Portugal, divulgada nesta segunda-feira, a agência de notação financeira DBRS Morningstar antecipa “mais um ano difícil” para a actividade, dada a gravidade da crise pandémica global (que no país se encontra numa fase “particularmente crítica"), o atraso na disponibilização de vacinas na Europa e o prolongamento das restrições às viagens.

“Dada a importância do sector turístico para Portugal, isto irá provavelmente atrasar a plena recuperação económica do país”, considera.

Ainda assim, a DBRS sustenta que “o choque da covid-19 será temporário e não deverá resultar em mudanças estruturais no sector turístico português": “Embora esta crise vá ter, inevitavelmente, graves consequências para muitos trabalhadores e empresas, particularmente os mais expostos à actividade, a procura turística em Portugal deverá regressar aos níveis pré-pandemia”, lê-se na nota de análise.

Segundo a agência, “as características que, antes da crise, tornaram Portugal atractivo para os visitantes a nível global irão manter-se durante muito tempo após a pandemia”. Na sua análise ao sector turístico português, a DBRS recorda que, entre 2010 e 2012, Portugal recebeu em média 14 milhões de não residentes por ano, tendo este número atingido os 27 milhões de pessoas em 2019.

Esta quase duplicação das chegadas de turistas em menos de uma década permitiu que as receitas do sector de alojamento turístico praticamente triplicassem, de forma que, no final da década, o turismo e as indústrias com ele relacionadas respondiam por 17% do Produto Interno Bruto (PIB), 19% do emprego e 20% das exportações totais.

Em 2020, impactado pela pandemia, Portugal registou 10,6 milhões de turistas e, embora o turismo doméstico tenha permitido alguma recuperação nos meses de Verão, a falta de visitantes estrangeiros contribuiu significativamente para a contracção económica de 7,6% registada nesse ano.

Já este ano, a situação acabaria por se agravar com a nova vaga da pandemia, quer em Portugal – que se tornou “num dos países com piores resultados da Europa” – quer nos países tradicionalmente emissores de turistas para Portugal, como o Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Holanda e Brasil.