Jamal escreveu um livro para ajudar rapazes negros a não terem vergonha de dançar
Black Boys Dance Too é o novo livro infantil de Jamal Josef. O bailarino espera conseguir acabar com o estigma que envolve os jovens negros que gostam de dançar.
Jamal Josef é bailarino profissional e espera conseguir apagar o estigma que enfrentou com o seu novo livro infantil, Black Boys Dance Too ("Os Rapazes Negros Também Dançam”, em tradução livre para português).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Jamal Josef é bailarino profissional e espera conseguir apagar o estigma que enfrentou com o seu novo livro infantil, Black Boys Dance Too ("Os Rapazes Negros Também Dançam”, em tradução livre para português).
Jamal cresceu a dançar em Oakland, na Califórnia, e conta que por causa da sua paixão pela música foi vítima de bullying e ouviu comentários ofensivos. O bailarino lembra-se de pensar que já era suficientemente difícil ser um homem negro na América, e que a dança seria mais uma barreira a ultrapassar.
“Eu tinha raparigas a dizer-me, por exemplo, ‘tu és um dançarino, a minha mãe disse que isso é gay, ou ‘danças demasiado bem para seres um rapaz’, afirma Jamal que, agora com 33 anos, já trabalhou com Beyoncé no concerto Homecoming e outras celebridades.
O livro conta a história de um rapaz chamado Darnell que entra num espectáculo de talentos, mas que “não está a ser aceite pelos seus amigos”. A história mostra a importância de amar os dons com que se nasce e de lutar contra os bullies. Um dos objectivos é combater os estereótipos associados em torno dos bailarinos negros.
“Quando vemos coisas que estão fora do estereótipo do que é masculino e feminino, qualquer coisa que não seja o que os homens fazem já está apenas na categoria feminina”, aponta. “E penso que foi isso que realmente dificultou que os jovens negros digam 'ok, sim, vou vestir estes collants e vou dançar’. Para mim, é quase cómico porque é como futebol, basebol, eles usam collants”.
As reacções positivas ao livro têm enternecido Josef. “Eu estava a falar por experiência própria, mas não me apercebi que há milhões de pessoas, mesmo homens mais velhos, que me disseram que dançavam quando eram mais novos, mas devido à forma como a sociedade era naquela idade, eles foram para outros campos e desistiram de algo que realmente amavam.”
As muitas esperanças de Jamal para o livro incluem tê-lo distribuído nas escolas, transformá-lo numa curta-metragem animada e, simplesmente, iniciar um debate. “Espero que isto comece a desencadear algo, para se perceber que isto é o que muitas crianças querem. Muitas crianças gostam de dançar. Muita gente adora dançar. Honestamente, não se pode ouvir música e não se mexer. Se conseguirmos, somos apenas ‘esquisitos'”, diz, com um sorriso.