EUA pressiona China sobre Hong Kong e campos de detenção de uigures
Antony Blinken disse na sexta-feira ao homólogo chinês que os Estados Unidos vão defender o interesse nacional e os seus valores democráticos.
O novo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deixou claro ao homólogo chinês, Yang Jiechi, que os Estados Unidos vão defender os direitos humanos e valores democráticos em Hong Kong, no Tibete e em Xinjiang. A mensagem terá sido transmitida numa chamada telefónica realizada esta sexta-feira, de acordo com o Departamento de Estado norte-americano.
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O novo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deixou claro ao homólogo chinês, Yang Jiechi, que os Estados Unidos vão defender os direitos humanos e valores democráticos em Hong Kong, no Tibete e em Xinjiang. A mensagem terá sido transmitida numa chamada telefónica realizada esta sexta-feira, de acordo com o Departamento de Estado norte-americano.
Blinken também pressionou a China a condenar o golpe militar na Birmânia e reafirmou que Washington vai trabalhar com os seus aliados para responsabilizar a China pelos esforços para ameaçar a estabilidade da Indo-Pacífico, nomeadamente com as manobras no estreito de Taiwan.
Por sua vez, o responsável chinês disse a Antony Blinken que os Estados Unidos deveriam “corrigir” os erros recentes e que ambos os lados devem respeitar os sistemas políticos e caminhos de desenvolvimento, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês citado pela Reuters.
Yang Jiechi também já tinha dito que esperava que as relações entre os dois países pudessem voltar a ser previsíveis e construtivas, mas também instou os Estados Unidos a “parar de interferir” em questões de soberania chinesa como Hong Kong, o Tibete e Xinjiang. Uma atitude que os Estados Unidos vão, para já, manter.
A entrada em cena da administração de Joe Biden tem representado uma grande inversão da política externa da Casa Branca, mas a nova Presidência dos Estados Unidos deve manter a distância em relação a Pequim, que é vista como a maior ameaça ao estatuto de maior superpotência dos Estados Unidos.
O próprio Joe Biden já mostrou pouca vontade em reatar rapidamente relações, descrevendo na quinta-feira a China como “o nosso concorrente mais sério” e acrescentando que Washington ia continuar a confrontar o que descreveu como “o ataque da China aos direitos humanos, à propriedade intelectual e à governação global”. Disse também que o país “está preparado para trabalhar com Pequim quando for do interesse da América fazê-lo”.
Na quinta-feira, o Departamento de Estado tinha também criticado os atentados chineses aos direitos humanos, manifestando que estava “profundamento perturbado” por relatos de abusos sexuais contra mulheres nos campos de detenção para uigures, em Xinjiang.
A posição dura da administração Biden é algo que não surpreende a China, com o diário estatal Global Times a escrever, no editorial deste sábado, que o discurso forte é expectável, ao meso tempo que a cooperação em algumas áreas melhore entre os dois países.
“Este é um período obviamente diferente do final da administração Trump, que tinha apenas exacerbado o antagonismo entre a China e os Estados Unidos”, cita a Reuters.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse também na sexta-feira que “os interesses em comum dos dois países superam as suas diferenças”, incentivando os Estados Unidos a “encontrar a China a meio caminho” para melhorar as relações.