A Internet está lenta. O que posso fazer?
Como regresso ao confinamento geral, voltaram as queixas de Internet lenta. O PÚBLICO falou com especialistas para perceber o motivo e saber o que pode ser feito para remediar a situação.
Desde 2020 que a normalização do teletrabalho e das aulas à distância vieram testar a robustez das ligações à Internet. E com Portugal de novo em confinamento geral, voltaram as queixas de Internet lenta um pouco por todo o país. Os especialistas explicam, no entanto, que esta lentidão é normal.
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Desde 2020 que a normalização do teletrabalho e das aulas à distância vieram testar a robustez das ligações à Internet. E com Portugal de novo em confinamento geral, voltaram as queixas de Internet lenta um pouco por todo o país. Os especialistas explicam, no entanto, que esta lentidão é normal.
“A realidade é que o tráfego aumentou imenso porque as pessoas já não estão só a trabalhar com documentos. Estão a participar em dezenas de videoconferências que substituem reuniões presenciais. E com os miúdos em casa, há mais crianças a ver filmes e séries em serviços de streaming”, começa por explicar ao PÚBLICO Luís Manuel Correia, investigador no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento de Lisboa (Inesc ID), cujo trabalho se centra em torno de comunicações móveis e sem fios.
“Usando uma metáfora: uma chamada de voz é uma bicicleta, mas um filme online é um camião TIR”, compara Correia. “A realidade é que as redes móveis e as redes fixas não estão preparadas para tanto tráfego.”
O facto de muitas comunicações online envolverem servidores estrangeiros também influencia. “Se as ligações a esses países estiverem sobrecarregadas, resultam em lentidão”, acrescenta Paulo Pereira, investigador do Inesc ID que se foca em redes sem fios e gestão de redes. “Por exemplo, a aplicação Zoom, geralmente usa servidores na Alemanha ou noutro país.”
Além disso, com o primeiro confinamento, em Maio de 2020, o Conselho de Ministros aprovou um decreto-lei que “estabelece medidas excepcionais” que permite aos operadores de telecomunicações privilegiarem as necessidades de serviços considerados fundamentais face aos demais utilizadores.
Dicas para combater a lentidão
“Tudo isto contribui para as ligações mais lentas. A longo prazo, o ideal seria aumentar a cobertura de rede de fibra óptica em todo o país”, pondera Correia. “Só que isto não é só uma questão de disponibilidade e dinheiro”, acautela o investigador. “As operadoras ajustam o tráfego consoante a procura, mas é preciso sempre tempo para criar a infra-estrutura”.
Sugestões mais simples, incluem gerir os consumos em casa ao evitar que membros do agregado familiar estejam ver filmes online quando alguém tem uma aula ou uma videoconferência importante.
“É preferível usar acessos por cabo Ethernet [cabo de rede] do que por acessos por Wi-Fi”, recomenda Paulo Pereira. “O Wi-Fi é um meio rádio que é partilhado por todos os equipamentos que usem a mesma banda rádio. Aqui há a agravante que os nossos vizinhos podem estar a usar os mesmos canais rádio que o nosso [router] Wi-Fi”, acrescenta.
Mudar de frequência
“Também se pode tentar pedir aos operadores das redes móveis para mudar a frequência da Internet”, sugere Correia.
A maioria dos routers modernos (disponíveis a partir de 2017) tem duas frequências Wi-Fi disponíveis: 2,4 GHz e 5,5 GHz. As grandes diferenças são a velocidade e o alcance: enquanto uma transmissão sem fios a 2,4 GHz fornece sinal para uma área maior, uma transmissão 5 GHz fornece velocidades mais rápidas para uma área menor.
“A frequência genericamente utilizada são os 2,4 GHz, porque é mais antiga, mas podemos pedir ao operador para passar para os 5,5 GHz. Geralmente quando ligamos ao apoio ao cliente não sugerem isto, porque os operadores não têm forma de saber quantas pessoas numa determinada zona usa qual frequência”, justifica Correia. “É uma questão de experimentar.”
Também se pode pedir para mudar de canal: por norma cada frequência tem vários canais. Dentro dos 2,4 GHz há canais específicos (como 2,41 GHz ou 2,46 GHz). Consulte o apoio técnico da sua operadora.
O professor do Instituto Superior Técnico reforça, no entanto, que acima de tudo “é preciso paciência.” "Isto são questões extremamente difíceis”, admite. “Por isso é preciso ter calma. E recordar que isto é uma situação temporária.”